O Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) comemora a realização de 15 transplantes renais na primeira quinzena de outubro. Segundo o nefrologista do HGG, Afonso Nascimento, o número supera a média mensal de 2022, que é de seis procedimentos na unidade de saúde do Governo de Goiás.
“Esse é um resultado muito positivo e que se deve às constantes campanhas de conscientização sobre doação de órgãos e o trabalho realizado nas unidades de saúde, conversando com as famílias e garantindo a seriedade de todo o processo de doação”, afirma o médico da unidade de saúde do Governo de Goiás.
Afonso explica que o número de transplantes no Brasil poderia ser maior e, entre os principais desafios enfrentados hoje, estão o número insuficiente de doadores efetivos, o baixo índice de notificações de morte encefálica, além do elevado índice de recusa familiar, que chega a 43 %, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).
“Com base em informações da Central Estadual de Transplantes de Goiás, o principal motivo que leva a família a recusar a doação de órgãos é a preocupação com a integridade corporal do doador, que é preservado ao máximo, e que deve ser visto pelo olhar da grandiosidade do gesto: salvar vidas.”
Já Fábia Mara Prates, diretora técnica do HGG, reforça que o trabalho também é resultado do compromisso do Governo de Goiás com a área da saúde. “No último dia 2 de setembro, inauguramos uma nova ala de transplantes no HGG, com investimento de R$ 2,8 milhões, dotada de estrutura moderna em uma área de 644 m², 32 novos leitos, sendo que 26 são destinados para transplantes de rins, fígado, pâncreas e rim-pâncreas, e outros seis para transplante de medula óssea.”
A médica pontua ainda que o serviço de transplante renal foi primeiro implantado no HGG, no ano de 2017, e hoje conta com três equipes transplantadoras. A partir de 2018, o hospital também passou a realizar transplantes hepáticos.
Irmãs de rim
Joana Darc Arruda, 31 anos, e Jaqueline dos Santos, 28, dividiram o mesmo quarto em uma enfermaria do HGG. Mas, além do ambiente físico, elas também dividem a gratidão à família de um único doador, que permitiu que cada uma delas recebesse um novo rim. A história das duas têm mais semelhanças. Ambas saíram de estados que não oferecem o serviço de transplante renal, para realizarem o procedimento no HGG. Joana veio do Mato Grosso (MT), e Jaqueline, de Rondônia (RO).
Depois de seis anos presa ao tratamento de hemodiálise, que era feito três vezes na semana, Joana conta que não vê a hora de poder viajar e retomar a vida ao lado do esposo, que por várias vezes tentou doar um de seus rins para esposa, mas sempre recebeu uma negativa.
“O médico que me atendia lá no MT me incentiva sempre a fazer o transplante, mas eu tinha muito medo da cirurgia. Daí, uma colega fez aqui e me falou muito bem do atendimento aqui no HGG. Foi quando eu juntei coragem, entrei na fila e, agora, estou aqui, pronta para um novo ciclo, muito bem assistida, igual a esses hospitais particulares que a gente vê nas novelas”, diz.
Já a colega de quarto de Joana Darc, Jaqueline, teve sua função renal totalmente comprometida, após enfrentar uma síndrome nefrótica, mas, após um ano enfrentando longas seções de hemodiálise, o seu “sim” também chegou. “Foi uma alegria muito grande. Quando me ligaram, eu estava na minha cidade, e foi a melhor notícia do mundo. Agora, com um rim novo, já estou fazendo planos para o próximo ano. Quero viajar, voltar a estudar, trabalhar, ter uma vida normal.”
Como ser um doador
Você já falou com sua família sobre doação de órgãos? Muitas vezes, evitamos alguns assuntos, mas este é um que não pode ficar mais para depois. Pela legislação brasileira, a única forma de se tornar um doador de órgãos é avisando a família dessa vontade, para que, em um caso de óbito, os familiares façam a autorização da doação. Por isso, a informação e o diálogo são absolutamente fundamentais e necessários nesse momento.
O nefrologista do HGG Afonso Nascimento explica que, para que doação de órgãos seja realizada, as equipes das unidades de saúde do Estado são treinadas para seguir o seguinte processo: “Primeiro, a Central de Transplantes da SES é comunicada da abertura de protocolo de morte encefálica, que é de notificação compulsória. Após a confirmação da morte cerebral, o paciente passa a ser um potencial doador, e a família é notificada do óbito. Se estiver de acordo com a doação, ele passa a ser considerado um doador de órgãos”.
Em seguida, continua o médico do HGG: “São feitos vários exames para confirmar a boa função dos órgãos e se a doação é possível. Com resultados positivos, é marcada a retirada de órgãos pelas equipes transplantadoras, e o receptor que estava na fila de transplantes é informado do surgimento do órgão e preparado para o pré-operatório. Toda a medicação para evitar rejeição é fornecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e aplicada no receptor, para que, então, seja iniciado o transplante do órgão que foi doado”, esclarece.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde – Idtech