Quando a chuva começou, na madrugada da última quinta-feira (11/02), os moradores da Vila São João, em Senador Canedo, não imaginavam o que estava por vir. A tempestade, que trouxe em um único dia 60% do nível de chuva esperado para todo o mês de fevereiro, fez com que um pequeno córrego transbordasse e a água invadisse as casas construídas na encosta. Sensibilizado com a situação desses moradores desalojados, o Governo do Estado, por meio da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), se mobilizou e levou donativos às famílias.

Ao todo, a OVG levou 121 donativos para as nove famílias de Senador Canedo, entre alimentos, colchões, cobertores, travesseiros, brinquedos, fraldas descartáveis e itens de higiene pessoal, além de um kit de enxoval para bebê, para uma gestante que teve a residência atingida pela água.

Para a presidente de honra da OVG e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais, primeira-dama Gracinha Carvalho Caiado, uma iniciativa como essa faz parte da missão da Organização. “Neste caso em específico, as famílias atingidas pela chuva não entraram em contato direto com a OVG, mas nós acompanhamos o desespero delas pela imprensa. Ao assistirmos ao choro de pais e mães por terem perdido tudo o que tinham, não poderíamos ficar de braços cruzados. Tanto eu quanto o governador Ronaldo Caiado nos sensibilizamos e fizemos questão de ajudar”, disse.

De acordo com os relatos dos atingidos pela enchente, em  alguns pontos, o nível da água chegou a três  metros de altura. O resultado foi devastador: roupas, alimentos, móveis, eletrodomésticos e até partes das construções foram destruídas, além de animais levados pela força da água.

“Só Deus sabe o que passamos com essa chuva. Eu vivo aqui há 44 anos, acho que essa é a terceira ou quarta enchente que enfrentamos, mas nunca vi nada desse jeito. Perdemos tudo, tudo mesmo. Tem casa aqui que só restou o piso, até as paredes foram embora com a água. É uma tristeza muito grande ver tudo que a gente batalhou para conseguir se perder assim em uma noite, mas é reconfortante saber que tem tanta gente do bem nesse mundo para nos ajudar, trazer doações e oferecer um ombro amigo”, comenta dona Odete Rodrigues da Silva, de 60 anos.

Quem também sofreu com o volume da chuva foi um dos vizinhos da dona Odete, o senhor Jerônimo Batista Alvarenga. Muito ligado à vida no campo, ele se mudou para a região há seis anos. Vivendo da venda de esterco e do transporte em carroça, ele conta que a água levou quase tudo que tinha.

“Eu sou da roça, mas não consigo segurar o choro. Quando vi que a água começou a subir, tentei salvar as criações. Meu coração doeu quando vi uma galinha com pintinhos boiando na enxurrada. Se os bombeiros não tivessem aparecido, nem sei o que teria sido de nós. Graças a Deus, a vida e a saúde nós ainda temos, mas meu cavalo morreu afogado, e os produtos que vendo se perderam com a água. Não sei como será daqui pra frente, mas com muito trabalho tenho fé que vamos recuperar tudo isso”, disse o senhor Jerominho, como é conhecido na região.

A diretora-geral da OVG, Adryanna Melo Caiado, conta que além do serviço de assistência social, os colaboradores da instituição também se uniram para arrecadar doações. “Como profissionais, fomos até a região, conversamos com as famílias e destinamos benefícios a todos eles. Como seres humanos, nos organizamos para arrecadar alimentos e utensílios para que essas pessoas consigam se restabelecer o quanto antes. Alguns trouxeram brinquedos, outros alimentos, até mesmo um chapéu nós conseguimos para o senhor Jerônimo , que era um desejo especial, por ele ter perdido o dele na enchente. Em momentos assim, vemos o quanto a união é importante para continuarmos a fazer o bem”, destaca Adryanna.