Promovida pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), a entrega dos kits alimentação aos pais dos estudantes da rede pública, realizada a partir de agosto, se tornou mais ação fundamental para combater a evasão escolar dos alunos em tempos de aulas não presenciais.

Desde março, quando teve início a pandemia da Covid-19, professores, diretores e a comunidade já haviam se unido e criado estratégicas para garantir a frequência dos alunos e a qualidade do ensino-aprendizagem diante dos desafios do novo formato. A entrega dos kits alimentação intensificou essa aproximação.

Carlos Eduardo Gonçalves de Barros, de 14 anos, estudante do 8° ano do Colégio Estadual Jurandir Cardoso Dias, da região de Crixás, diz que o kit alimentação é essencial para o aprendizado do aluno, tanto para o desenvolvimento quanto para o despertar do interesse.

Filho único da família, o estudante conta que já o recebeu o benefício por duas vezes e que ajuda na economia da casa. “O kit é muitíssimo importante, pois durante a pandemia os produtos ficaram mais caros. Dá para economizar e não passamos aperto”, relata.

As ações de busca ativa com a entrega do kit alimentação têm dado resultados positivos na Regional de Jussara, que engloba os municípios de Santa Fé, Britânia, Itapirapuã, Novo Brasil, Monte Claros, Fazenda Nova e Matrinchã.

Com 20 escolas distribuídas na região, a coordenadora Heleniuza Maria de Jesus Oliveira conta a frequência escolar ganhou o reforço com a entrega do kit. A intenção é fazer com que o estudante se mantenha motivado, participe das aulas on-line – sem perder o foco no aprendizado – e que essas não percam a qualidade.

O resultado tem sido positivo. “Antes, no do início semestre, eram 150 alunos faltosos. Agora, temos 30. É um chamariz que temos nas mãos”, comemora Heleniuza. Porém, para receber o kit, a presença em aula não é o suficiente, os pais devem trazer as atividades escolares realizadas pelos filhos.

A iniciativa vem ao encontro do objetivo do Estado de manter a maior pontuação, 4,7, alcançada no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), no ano de 2019, no Ensino Médio. A média nacional foi de 4,2 pontos, de acordo com o ranking divulgado pelo Ministério da Educação. “As coisas mudaram por aqui. É incrível como estamos conseguindo fazer a educação enxergar o Governo de Goiás como uma grande liderança de educação”, pontua a titular da Seduc, Fátima Gavioli.

Dia D

Walkrya Helena Romano Campo Castro, coordenadora da Regional de Morrinhos – que engloba 26 escolas entre os municípios de Caldas Novas, Rio Quente, Água Limpa, Marzagão, Pontalina e Edealina – recorda que no primeiro final de semana de outubro foi realizado um ‘Dia D’ para mobilizar todas as unidades escolares.

Cerca de 800 pessoas, entre professores, gestores e servidores da rede de educação, agitaram os municípios envolvidos. O objetivo era um só: convencer os jovens e familiares que a rotina de estudo deve ser mantida com as aulas não presenciais.

Segundo a educadora, o ano de 2020 é atípico para todos, então, dentro da adversidade, é preciso se adaptar ao novo padrão comportamental que é imposto. “Não é culpa de ninguém. A pandemia nos isolou, mudaram-se os hábitos. Mas as aulas não podem parar, o ensino a distância veio para somar e estamos conseguindo segurar os alunos”, reforça.

“A escola está à disposição da comunidade escolar”, frisa a superintendente de Organização e Atendimento Educacional, Patrícia Coutinho. Ela esclarece que as 40 regionais têm adotado, na rede estadual de Educação de Goiás, ações que possibilitem o combate à evasão escolar.

Patrícia explica que as equipes têm conversado com os pais ou responsáveis sobre a importância da educação na vida do jovem, para que o estudante não perca o vínculo com escola. “O momento é importante para se encontrar uma solução para o problema de baixa frequência, pois caso haja desistência, talvez o aluno não tenha motivação para retornar aos estudos. É fundamental manter o vínculo com a escola e estar aprendendo”, argumenta.

Barreiras

As dificuldades para manter os alunos nas aulas não-presenciais não são poucas. Vão desde a dificuldade de concentração no novo formato de ensino, a perda de vínculo com os colegas, a obrigação de trabalhar junto com a família, até a falta de acesso à internet, em determinados casos.

Milene Silva Caixeta, coordenadora regional de Itapaci, que reúne as 18 escolas dos municípios de Pilar de Goiás, Santa Terezinha de Goiás, Campo Verdes, Guarinos, Crixás e Uirapuru, diz que os estudantes da zona rural padecem pela baixa qualidade de transmissão de dados.

Outro fator que também preocupa a gestora é o fato de alguns terem de trabalhar na hora em que há aula remota. “Os pais ainda não entenderam que aula não presencial tem o mesmo valor que a lecionada na escola. Por isso, a conscientização é fundamental, para que se entenda que o ano letivo não está perdido e que os filhos devem continuar com a rotina de estudo”, aconselha.

Para diminuir o obstáculo ao acesso à internet, a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), a Secretaria Especial da Receita Federal em Goiás e a Seduc doaram, em setembro, 1.136 aparelhos smartphones e chips de internet conectados com a tecnologia 4g à comunidade escolar.

Os itens são oriundos de ações de combate ao contrabando e ao descaminho, realizadas pela Receita Federal em Goiás, e de uma parceria firmada com a empresa Vecto Mobile. Dentre os 1.136 aparelhos, 100 beneficiam professores da rede estadual com baixa conectividade e 1.036 auxiliam estudantes sem acesso à internet. “O importante é ter parceria, é saber que a união vai levar o Estado a superar os desafios impostos pela pandemia”, ressalta Fátima Gavioli.

Fotos: Divulgação/Seduc

Secretaria de Comunicação (Secom) – Governo de Goiás