Há algum tempo tenho evitado escrever em meu querido diário. Aqui é o espaço destinado a minha catarse. É uma terapia para não elouquecer na caserna, uma recomendação psicanalítica. Durante quatro anos oscilei entre o técnico e o político. Aqui sempre foi e sempre será apenas meu diário.
Alguns estão levando o que posto aqui muito a sério. Meus amigos já estão preocupados com minha integridade e meu futuro na Corporação. Durante quatro anos fiz amigos, mas também desagradei a muitos. Tornei-me respeitado na Corporação, alguns dizem até sou uma pessoa influente aqui dentro, não vejo assim. Talvez eu mais desagrade do que agrade, pois minhas posições são firmes, muitas vezes contrárias aos anseios da maioria.
Em doze anos de polícia nunca tive nem um FO negativo durante meu curso de formação. Meu comportamento é excepcional, não faço parte de associações, não utilizo do discurso salarial dentro da Corporação, procuro responder à altura aqueles que me atacam, tanto é que recentemente tive que ouvir a expressão: “o poste agora está mijando no cachorro” e “está chovendo de baixo para cima”, mas mesmo assim alguns indivíduos tem afirmado que não permanecerei muito tempo na polícia. Muitos amigos já me recomendam cautela, pois defendo uma REFORMA POLICIAL no Brasil, o que alguns confudem com “desmilitarização” ou algo semelhante, por isso tentam me calar.
Na verdade, prego a busca da eficiência, eficácia e efetividade de nossas ações por meio da desmilitarização cultural, ou seja, adequação de nossas ações ao ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, uma das bandeiras dentro do “policiamento inteligente”. Percebo que tais idéias estão se tornando uma “ameaça” para alguns em nosso meio. E eu estou sendo taxado de subversivo!
Dentro das corporações militares existe um fato interessante: todas as praças que se destacam no campo das idéias ou a grande maioria eleita para cargos eletivos (deputado federal ou distrital) foram expulsas, pois defendiam mudanças na caserna. É possível que alguns já me vejam como uma ameaça neste sentido. Deixo claro que há mais de quatro anos venho afirmando que não sou candidato. Sou cidadão, político de alma, mas não candidato. Esse tipo de escolha não é individual, não posso negar que faço parte de um grupo político em Brasília, mas não é assim que as coisas funcionam. Busco uma melhoria para a coletividade, acredito que a polícia precisa de líderes, não de candidatos. Precisamos fortalecer as lideranças informais em nossa Corporação. Esse é meu desejo, esse é meu único objetivo!
Volto a afirmar que: a polícia precisa mudar, a polícia está mudando, a polícia vai mudar!! Não há dúvida de que em breve iremos nos adequar a Constituição de 1988 e que um dia seremos inseridos de fato no Estado democrático de direito!
A polícia somos nós, nossa força é nossa voz!
Tenho me silenciado nos últimos dias, pois necessito de tempo para me dedicar a sindicância que foi aberta contra mim, por causa de um comentário feito no facebook, e contra outros companheiros que comentaram o que eu disse, mas em breve estarei de volta.
“O que os atormenta é o maior inimigo que alguém pode ter: o medo. Sei que alguns de vocês tem medo de ouvir a verdade – vocês foram criados com medo e mentiras. Mas só vou parar de falar a verdade depois que se libertarem desse medo…” (Malcom X)