Por todo o mundo, em todos os ambientes corporativos, existe uma convicção: há uma escassez de boas lideranças. Não é força de expressão. Ocorre que liderar hoje não é o mesmo que há alguns anos. Em um contexto de mudanças imprevisíveis e extremamente velozes, os atributos dos líderes também se transformam.
Se há 20 (vinte) anos bons líderes eram aqueles profissionais dotados de forte senso de hierarquia, capazes de manter um empreendimento funcionando com regularidade e de forma estável, hoje as empresas procuram gestores com outras qualidades – por exemplo, a competência de enfrentar com agilidade situações novas, com alto poder de comunicação e mobilização, além de capacidade de montar equipes muito motivadas, articulando um repertório diverso de competências. O bom líder é aquele que tem a capacidade de liderar outros líderes. Isso não é fácil, mas torna-se mais consolidado.
Isso vale tanto para as empresas de ponta na área de tecnologia como para as instituições policiais – e é delas que estamos falando. O tempo de esperar pacientemente lideranças naturais passou. Hoje todos os empreendimentos exigem uma busca contínua e consciente por boas lideranças. É preciso que as Corporações também passem proativamente a buscar e a formar pessoas capazes, com as características do líder contemporâneo.
Não há fórmula para isso. Existe, sim, uma atitude de estar aberto a essa demanda. Todo policial é um líder em potencial. Basta quer! É preciso que comandantes e comandados e outros gestores vejam com muito senso de urgência esse desafio. É preciso fortalecer as lideranças formais e informais dentro desse novo modelo. Em primeiro lugar, é preciso que invistam em si mesmos como gestores, buscando novas informações, requalificando-se, aprimorando-se. Isso significa que aqueles que ocupam cargos de gestão precisam ver a si mesmos como profissionais em desenvolvimento – e não como antigos líderes prontos e acabados.
Apenas isso não basta. Liderança é uma cultura “empresarial”, e não um dom de poucos. Precisamos ser empreendedores em nosso meio. Por isso, tornou-se saudável, no ambiente policial, criar um contexto de valorização de lideranças positivas. Um bom gestor deve abrir espaço para que surjam novos líderes e, quando for o caso, precisa procurar identificá-los fora das “quatro paredes” do quartel em que atua.
Num contexto de extrema competição do mundo contemporâneo, em que o sistema policial ainda não sabe produzir bons líderes e gestores, as corporações que ignorarem essa tendência correm o risco de se tornarem instituições pesadas, lentas demais para acompanhar, no mesmo passo, as transformações econômicas, políticas e culturais que envolvem a todos.
Nós policiais não podemos esquecer que a POLÍCIA É UMA INSTITUIÇÃO POLÍTICA e que precisamos nos inserir nesse meio de maneira madura, consciente e equilibrada. Quem não gosta de política e não sabe liderar é “dominado” por quem gosta. Precisamos amadurecer muito politicamente para termos uma instituição forte, composta por LÍDERES fortes.

Baseado no texto: “O desafio da formação de lideranças na Educação” de Antônio Carlos Musa Junior.