A dona de casa Maria de Jesus Laranjeira vai poder voltar a cuidar do seu jardim sem sentir dores. É que hoje (28), ela recebe alta do Hospital Home, na Asa Sul, onde fez a cirurgia para retirada da vesícula. O incômodo já durava dois anos e, apesar da força da dona de casa, dificultava atividades do dia a dia. “Eu tomava remédios e aliviava, mas não passava”, conta. Agora, no dia do aniversário de 50 anos de casada, ela se sente animada até para a sua ginástica. “A vida vai ficar bonita a partir de agora”, afirma.

Sorrisos como o da Maria de Jesus têm se repetido em outras partes do Distrito Federal. Ela faz parte de um grupo de 627 pacientes do Sistema Único de Saúde que realizaram cirurgias eletivas em hospitais da rede privada do Distrito Federal graças aos contratos assinados pela Secretaria de Saúde até esta quinta-feira (27). O edital prevê um total de 3.233 procedimentos durante um período de 120 dias.

Maria de Jesus Laranjeira foi operada no Hospital Home, contratado pela Secretaria de Saúde | Foto: Tony Winston/Agência Saúde DF

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, destaca que os contratos de complementariedade ao Sistema Único de Saúde são previstos na legislação e foram assinados com o envolvimento e apoio do controle social e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). “Esse represamento de cirurgias eletivas ocorreu principalmente por conta da pandemia, agora nós estamos diminuindo a demanda reprimida”, afirma.

A pasta tem trabalhado para que as cirurgias beneficiem quem mais precisa. “O Complexo Regulador de Saúde os encaminha respeitando a gravidade e o tempo cronológico de inserção na fila”, explica a secretária de Saúde. Ainda assim, ela ressalta que apesar de não se tratarem de casos graves, os pacientes vivem com baixa qualidade de vida enquanto esperam pelas cirurgias.

Cada atendimento na rede privada inclui a realização de intervenção cirúrgica, internação de até 48 horas e consultas pré e pós-operatórias

A fala da gestora é confirmada pela dona de casa Valdene da Conceição, que também fez a retirada da vesícula no Hospital Home. “Meus filhos me ajudaram. Mas, agora, com essa cirurgia, eu me sinto bem”, relata.

As duas senhoras atendidas ressaltaram a rapidez do atendimento. Primeiro foram encaminhadas para hospitais regionais da Secretaria de Saúde, onde fizeram exames preparatórios. Em seguida, já receberam ligações do hospital privado, com a data de internação.

Essa integração foi possível com o trabalho conjunto de funcionários dessas instituições de saúde com servidores da Secretaria de Saúde para possibilitar o acesso ao TrackCare, sistema onde ficam disponíveis as informações médicas de cada paciente. A Secretaria de Saúde também libera os procedimentos de acordo com as prioridades médicas.

“A gente não teve dificuldade nenhuma porque a secretaria foi muito bem-organizada”, elogia o diretor técnico do hospital Home, Cícero Dantas.

Contratos

Os hospitais da rede privada foram contratados para realizar procedimentos de hernioplastias (hérnia), colecistectomias (retirada da vesícula biliar) e histerectomias (remoção do útero). As cirurgias têm ocorrido diariamente, inclusive nos fins de semana, nos hospitais Águas Claras, Anchieta, Daher, Hospital das Clínicas, Home, São Francisco e São Mateus. O primeiro foi em 22 de setembro. O prazo de 120 dias é contado a partir da data em que cada instituição assinou o contrato.

A Secretaria de Saúde investirá um total de R$ 19,7 milhões na iniciativa. Cada atendimento na rede privada inclui a realização de intervenção cirúrgica, internação de até 48 horas e consultas pré e pós-operatórias. Os hospitais receberão de acordo com o número de procedimentos realizados.

Ações complementares

De acordo com a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, os 11 hospitais da rede pública mantêm o ritmo de aproximadamente mil cirurgias mensais, entre as de emergência, judicializadas, as de maior complexidade e os casos de câncer. Enquanto isso, iniciativas como o novo contrato regular de manutenção vai permitir a melhoria das condições de atendimento, como no caso da UTI do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), que já iniciou o processo de revitalização. “É um conjunto de ações para que a gente contemplasse e diminuísse as filas”, finaliza Florêncio.

*Com informações da Secretaria de Saúde