Mais de 300 alunos do programa RenovaDF estão atuando na pintura e limpeza das paredes do viaduto Buraco do Tatu, próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Os alunos são divididos por turno: um terço atua pela manhã, outro à tarde e mais um à noite. De acordo com o instrutor líder do RenovaDF, Emerson Santos, responsável por coordenar a equipe, as paredes estavam precisando de uma repaginada, por isso, foi montada a força-tarefa.
O trabalho, que começou em 19 de setembro, deve ser finalizado até a segunda quinzena de novembro.
“A última vez que os paredões foram pintados foi em 2013. Então, estamos fazendo um novo procedimento, lixando, passando a água com hidropressão para tirar o máximo de sujeira possível, fuligem CO2, tudo o que pode ter acumulado, para depois fazer uma pintura completa”, diz Santos.
A instrutora do RenovaDF, Julyanne Alves Oliveira, que também coordena o grupo de alunos, explica que, caso algum azulejo apresente avarias, como infiltração e rachaduras, ou tenha descolado, são acionados os órgãos responsáveis pela restauração da área. “Nós tentamos resolver da melhor forma possível, mas quando algum azulejo está com patologias nós chamamos a Novacap e o Iphan para um trabalho mais técnico”, afirma ela.
Durante o trabalho, há atenção especial à segurança dos alunos. “Todos usam máscara, luva, óculos, protetor auricular, bota e calça. Não aceitamos alunos sem o uniforme por causa do cuidado com a integridade física deles mesmos”, explica Julyanne.
Após a limpeza e a pintura das paredes do Buraco do Tatu, a força-tarefa fará a pintura dos guarda-corpos e da parte de baixo do viaduto. “Eles são capacitados na parte teórica e prática. Ensinamos como diluir a tinta, usar o material, se vestir, a questão do cinto de segurança ao trabalhar com altura. No final, eles fazem tudo e nós auxiliamos de perto”, completa a instrutora do programa.
Aperfeiçoamento
Até setembro deste ano, em cinco ciclos de formação, foram capacitadas 7.146 pessoas e reformados 800 equipamentos públicos
O RenovaDF, lançado em julho de 2020, é um programa de incentivo à capacitação profissional, gerido pela Secretaria de Trabalho (Setrab). São oferecidos cursos na área de construção civil, aplicados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Distrito Federal (Senai-DF). Os estudantes recebem o uniforme, remuneração no valor de um salário mínimo, lanche e vale-transporte.
Até setembro deste ano, em cinco ciclos de formação, foram capacitadas 7.146 pessoas e reformados 800 equipamentos públicos. Mais de 1.900 pessoas devem ser formadas no sexto ciclo, que está em andamento.
A subsecretária de Qualificação Profissional, Lucimar Pinheiro de Deus, afirma que já é possível ver o resultado da qualificação no mercado de trabalho do DF. “Grandes empresas do ramo da construção civil estão disponibilizando cada vez mais oportunidades e priorizando os alunos do programa. Além disso, o Setorial de Captação de Vagas da Subsecretaria de Atendimento ao Trabalhador e Empregador (Sate) tem desenvolvido tratativas cada dia mais assertivas quanto à inserção desses alunos no mercado.”
A aluna Márcia Maria Alves, 44 anos, vê no RenovaDF uma oportunidade de transformação. Ela, que atualmente reside em Ceilândia, enfrentou dificuldades financeiras e precisou morar por um período na rua. Agora, com os novos conhecimentos obtidos em construção civil, espera conquistar um novo emprego. “Vou atrás de um trabalho com carteira assinada, e tenho certeza de que isso vai mudar a minha vida. Esperei e chegou o meu dia, então estou muito feliz, com fé de que vai dar tudo certo”, celebra.
Assim como Márcia, o catador de recicláveis José Ferreira de Jesus, 40 anos, valoriza o conhecimento ganho no programa governamental. “A maior parte das coisas eu já sei, porque já fui pedreiro, trabalhei com pintura, mas tem coisa que a gente não entende e é importante aperfeiçoar. A vida da gente melhora quanto mais a gente tenta melhorar.”
Morador da Estrutural, Jesus acrescenta que a reforma na rodoviária, assim como em outros equipamentos públicos do DF, será muito benéfica para a população. “Quem não gosta de viver em um lugar limpo, conservado, né?”, ressalta.