A partir de agosto deste ano, o Distrito Federal dará um passo importante no enfrentamento das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A Secretaria de Saúde (SES-DF) começará a liberar mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, que impede a multiplicação dos vírus da dengue, zika e chikungunya no organismo do inseto.

A estratégia faz parte de um plano mais amplo de combate às arboviroses e será aplicada, inicialmente, em dez regiões administrativas: Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá, Planaltina e Itapoã. As liberações devem ocorrer entre agosto de 2025 e janeiro de 2026.

A técnica conhecida como método Wolbachia é considerada uma alternativa inovadora e sustentável aos métodos tradicionais, como o uso de inseticidas. Desenvolvido por pesquisadores australianos, o método consiste em infectar os mosquitos com a bactéria Wolbachia, que não afeta seres humanos, mas reduz drasticamente a capacidade de o mosquito transmitir os vírus durante a picada. Ao se reproduzirem, esses mosquitos transmitem a bactéria para seus descendentes, gerando uma população cada vez menos capaz de espalhar as doenças.

Segundo a SES-DF, a bactéria é inofensiva para pessoas, animais e para o meio ambiente. O método já conta com aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ter demonstrado bons resultados em outras cidades brasileiras.

A adoção da estratégia ocorre após o DF registrar números alarmantes em 2024. Foram mais de 283 mil casos de dengue e mais de 400 mortes em um único ano — um crescimento superior a 800% em relação a 2023. Neste ano, até o fim de julho, o número de casos prováveis caiu para 8,1 mil, representando uma redução de 97% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.

Com a liberação dos chamados “mosquitos Wolbito”, a expectativa é consolidar essa tendência de queda e impedir novos surtos. A tecnologia é considerada autossustentável, já que os próprios mosquitos passam a manter a presença da bactéria no ambiente sem a necessidade de novas liberações frequentes.

A ação será acompanhada por campanhas educativas e monitoramento técnico nas áreas beneficiadas. A Secretaria de Saúde reforça que a população não corre riscos com a presença dos mosquitos infectados e que a medida representa mais uma frente no enfrentamento às doenças que, nos últimos anos, têm sobrecarregado o sistema de saúde e trazido preocupação para milhares de famílias.