O Dia Nacional do Diabetes é celebrado nesta segunda-feira (26/6) com o objetivo de reforçar a importância de hábitos saudáveis para evitar a doença. O Brasil é o sexto país em prevalência de diabetes no mundo e o primeiro na América Latina – são 15,7 milhões de pessoas adultas com esta condição, e a estimativa é que, até 2045, a doença alcance 23,2 milhões de brasileiros adultos.

Diabetes mellitus é uma doença causada pela perda na capacidade de produção ou então da ação de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas que tem como função jogar a glicose do sangue e dos tecidos para dentro das células, para usarem como energia. A falta desse hormônio interfere não só na utilização do açúcar como na sua transformação em outras substâncias, como proteínas, músculos e gordura.

No mundo, o Atlas da Federação Internacional do Diabetes estima que 643 milhões de pessoas serão diagnosticadas com diabetes até 2030. Caso as tendências continuem, esse número deve subir para 783 milhões até 2045.

Conforme o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, trata-se de uma doença que surge de forma silenciosa. “Diabetes só dá sintomas mesmo quando a glicemia está super descompensada. No caso da diabetes tipo 1, que é quando o pâncreas é atacado e as células Beta morrem, a maioria dos casos só recebe diagnóstico quando a pessoa já está perdendo muito peso, começa a ter muita sede e urinar muito”, explica.

“Já no caso do diabetes tipo 2, o sintoma vem quando a pessoa já está com as complicações da doença mais do que o açúcar alto em si. Às vezes, a parte renal está começando a falhar, a pessoa começa a ter problema de cicatrização, não enxergar direito… Então, quando a gente faz esse diagnóstico, já começamos a rastrear por doença crônica, porque passou batido aí uma pré-diabetes por alguns anos até o diagnóstico, de tão silencioso que é”, diz.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, em 2022, apenas 1,52 milhão das 8,75 milhões de pessoas vivendo com diabetes tipo 1 no mundo tinham menos de 20 anos. Isso significa que 62% dos pacientes com diabetes tipo 1 têm mais de 20 anos.

Causas

O endocrinologista explica que o desenvolvimento do diabetes tipo 1 geralmente está associado a algum estresse emocional ou mesmo a uma infecção viral em pessoas com predisposição genética.

“O diabetes tipo 2 também tem um componente genético forte. Fatores socioambientais, como uma alimentação com mais carboidrato, gordura; uso de álcool; sedentarismo; estão bem associados a doenças metabólicas. Sabemos que 90% dos pacientes com diabetes tipo dois têm sobrepeso ou obesidade”, destaca Flavio Cadegiani.

Prevenção

Segundo o médico, as melhores formas de prevenir o diabetes são a prática de atividade física e a boa alimentação. “Fazer aeróbico, musculação e evitar o consumo de grandes quantidades de carboidrato é muito importante.”

“A dieta low carb, por exemplo, tem sido cada vez mais reconhecida como uma forma de controlar o diabetes e melhorar o controle do açúcar no sangue. Hoje, já temos estudos mostrando que a dieta baixa em carboidrato é capaz de reverter um quadro de diabetes”, ressalta Cadegiani.

Tratamento

Dieta alimentar equilibrada é fundamental para o controle do diabetes. No caso do tipo 1, o uso de insulina é essencial. Já o tipo 2 pode ser controlado por medicamentos ministrados por via oral quando no início, mas muitos casos requerem insulina nas fases mais avançadas.

“O que não falta no tratamento são opções terapêuticas. Há os medicamentos mais antigos, com custo mais baixo e até sem custo no Brasil pela farmácia popular, e os mais novos, que já têm custos mais elevados. O importante é enfatizar que quanto mais tempo a pessoa passa desregulada, o risco de complicações aumenta”, afirma o doutor em endocrinologia clínica.

Ainda conforme Flavio Cadegiani, é possível viver bem mesmo com o diagnóstico de diabetes.

“Hoje, o nível de controle que temos do diabetes é muito diferente. Por décadas, muitas pessoas morreram por causa da doença e, hoje, é possível viver bem, sem sofrimento, como se não tivesse nada. Atualmente, o bom controle glicêmico faz com que a pessoa não tenha complicações. No meu consultório, por exemplo, é muito raro chegar paciente com alguma complicação de diabetes, justamente por conta de um bom tratamento e um bom controle. Mas, infelizmente, essa ainda não é a realidade do Brasil e do mundo”, finaliza.