O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) formalizou o pedido de prisão imediata da arquiteta Adriana Villela, condenada a 61 anos e 3 meses de prisão pelo Tribunal do Júri pelo assassinato de seus pais, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela e a advogada Maria Villela, além da empregada doméstica Francisca Nascimento Silva. O crime, conhecido como “Crime da 113 Sul”, ocorreu em 2009 e chocou a capital federal.

A solicitação do MPDFT foi apresentada após a publicação do acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em decisão recente, validou a execução imediata da pena para condenados em júri popular, independentemente do esgotamento de recursos. O documento, assinado na última terça-feira (8/10), baseia-se no novo entendimento da Suprema Corte, que torna possível a prisão de réus condenados pelo Tribunal do Júri antes do trânsito em julgado da sentença.

Crime brutal e repercussão nacional

O triplo homicídio veio à tona em 28 de agosto de 2009, quando os corpos das vítimas foram encontrados no apartamento da família Villela, na 113 Sul, uma área nobre de Brasília. O casal e a empregada foram brutalmente assassinados a facadas, e as investigações, inicialmente, foram marcadas por controvérsias e suspeitas de falhas por parte da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Adriana Villela, filha do casal, foi apontada como a mandante do crime. Segundo as investigações, ela teria facilitado a entrada dos assassinos no apartamento, já que não houve sinais de arrombamento. Após anos de investigação e uma série de reviravoltas, Adriana foi condenada em 2019 pelo Tribunal do Júri a 67 anos de prisão, pena que foi posteriormente reduzida para 61 anos.

Mudança de cenário com decisão do STF

Até então, Adriana respondia ao processo em liberdade, amparada pelo antigo entendimento do artigo 594 do Código de Processo Penal (CPP), que permitia que réus primários condenados em primeira instância aguardassem o resultado de todos os recursos em liberdade. Contudo, com a decisão do STF que validou a prisão imediata após o julgamento pelo Tribunal do Júri, o MPDFT entendeu que a arquiteta deve ser detida de imediato para começar a cumprir sua pena.

Agora, o próximo passo depende da decisão de um juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que deve analisar o pedido do MPDFT e, caso o aceite, emitir o mandado de prisão para Adriana Villela. Se o pedido for aceito, ela poderá ser presa a qualquer momento.

Repercussão do caso

O Crime da 113 Sul gerou enorme comoção pública e colocou a vida da família Villela sob os holofotes. Além do impacto pela brutalidade dos assassinatos, o caso expôs vulnerabilidades no processo investigativo da PCDF e gerou intensos debates sobre o sistema judiciário brasileiro. Mesmo após a condenação, o crime continua a ser lembrado como um dos episódios mais marcantes da história policial de Brasília.

Com a decisão do STF e o novo pedido de prisão, o desfecho para Adriana Villela pode estar mais próximo, encerrando um capítulo que durou mais de uma década.