Na tarde desta segunda-feira, a Câmara Legislativa do Distrito Federal foi palco de uma audiência pública de extrema relevância, colocando em foco uma realidade preocupante e crescente: a violência online direcionada a meninas e mulheres. Sob a iniciativa da deputada Dayse Amarilio (PSB), autora da lei distrital que institui a semana da conscientização contra a violência virtual nas escolas públicas do DF, o debate destacou a magnitude do desafio que se apresenta.

Com uma voz carregada de preocupação, a deputada Amarilio ressaltou a grave desinformação que permeia o entendimento dos crimes cometidos contra meninas e mulheres no ambiente virtual. “Existe muita desinformação sobre o que são crimes contra as meninas e mulheres e também sobre como denunciar. Ainda há muito a se fazer para mudarmos essa situação”, frisou.

Dados alarmantes fornecidos durante a audiência ecoaram a urgência da questão. Ao longo do período de 2015 a 2024, foram relatadas cerca de 18 mil denúncias de violência online contra mulheres no Distrito Federal, marcando um aumento anual de 3,8% no número de denúncias. O impacto devastador desses ataques não se limita ao virtual, com 75% das mulheres denunciantes sofrendo repercussões negativas em sua saúde mental.

A pesquisadora Janara Leal Sousa, da Universidade de Brasília (UnB), foi categórica ao afirmar que a internet se tornou um terreno perigoso para mulheres e meninas. “Mais de 95% dos brasileiros estão nas redes sociais. Somos o terceiro país do mundo em uso de redes sociais. As pessoas, em média, ficam 9 horas e meia por dia conectadas. Mais de 73% das mulheres conectadas já sofreram algum tipo de violência online”, alertou Sousa.

Em consonância com os apelos por medidas educacionais e preventivas, Mariana de Almeida, representante da Secretaria Nacional de Políticas Digitais do Governo Federal, anunciou que a educação midiática será integrada ao currículo escolar em todo o país. “A educação midiática já vai entrar nos livros didáticos para educação de jovens e adultos e em breve estará nos livros do ensino médio também. Neste momento estamos oferecendo cursos gratuitos de educação midiática para professores”, revelou.

Da mesma forma, Patrícia Sousa Melo, em nome da Secretaria de Educação do Distrito Federal, delineou as ações em curso para enfrentar o problema. “Estamos encaminhando orientações sobre cyberbullying e violência digital contra meninas e mulheres para as escolas. Também estamos elaborando neste momento um decreto para regulamentar a lei distrital que trata da divulgação da Lei Maria da Penha nas nossas escolas”, assegurou Melo.

Em meio às discussões acaloradas e aos apelos por ação imediata, uma coisa ficou clara: a violência online contra meninas e mulheres não pode mais ser tolerada como parte da paisagem digital. A audiência pública não apenas trouxe à luz a escala do problema, mas também apontou caminhos concretos para enfrentá-lo. Resta agora transformar essas palavras em ações efetivas, garantindo um espaço virtual seguro e inclusivo para todas as mulheres e meninas.