A morte da menina Ana Júlia, de oito anos, supostamente devido à falta de atendimento médico na rede pública de saúde, foi o principal tema debatido na sessão ordinária da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta terça-feira (21). Este lamentável incidente marca a terceira morte de uma criança no mês de maio, todas acompanhadas de denúncias de negligência médica por parte dos familiares.

O deputado Chico Vigilante (PT) enfatizou que a CLDF não pode permanecer passiva diante de tal situação. Ele sugeriu a convocação imediata da secretária de Saúde, Lucilene Queiroz, e do diretor do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), Juracy Cavalcante, para discutir soluções urgentes para a crise no setor.

Durante a sessão, o deputado Gabriel Magno (PT), presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura, descreveu a situação da saúde pública como “caótica”. Ele criticou o Iges-DF, revelando que um contrato firmado em abril de 2021 para serviços de ambulância previa um tempo máximo de atendimento entre uma e duas horas e regras rigorosas de fiscalização, mas que tais exigências foram removidas na renovação do contrato em 2022. “É irresponsável o que o Iges tem feito com a população do DF”, afirmou Magno, informando que o Ministério Público e o Ministério Público de Contas foram acionados para investigar o descumprimento dos contratos.

O deputado Max Maciel (Psol) responsabilizou a gestão do GDF e o modelo de administração do Iges-DF. “O maior vandalismo é deixar uma criança morrer por falta de atendimento”, declarou, incentivando a população a protestar e exigir seus direitos.

Responsabilizando a empresa terceirizada UTI Vida pela falta de ambulâncias, o deputado Jorge Vianna (PSD) criticou a empresa por operar com veículos inadequados e insuficientes. “A morte da criança tem responsabilidade direta da UTI Vida e do Iges-DF. É inadmissível uma pessoa morrer porque não tem uma viatura para fazer o transporte”, afirmou Vianna.

Solidário à família de Ana Júlia, o deputado Joaquim Roriz Neto (PL) destacou a necessidade de ações para evitar que tais tragédias se repitam.

O deputado Ricardo Vale (PT) defendeu uma reformulação total no setor de saúde, citando a falta de atendimento, organização e planejamento como causas das mortes. Ele apoiou a convocação da Secretaria de Saúde e do Iges-DF para prestar esclarecimentos e pediu mudanças urgentes.

O deputado Thiago Manzoni (PL) sugeriu que a dependência do Estado é um dos problemas centrais e questionou a falta de soluções apresentadas até agora.

Diversos outros parlamentares também prestaram solidariedade às famílias afetadas e criticaram a atual situação da saúde pública no Distrito Federal. A deputada Dayse Amarilio (PSB) relatou a peregrinação das crianças entre unidades de saúde sem sucesso, enquanto a deputada Paula Belmonte (Cidadania), visivelmente emocionada, compartilhou sua experiência pessoal de perda de um filho, aumentando o tom emotivo da sessão.

A sessão foi marcada pela unanimidade na urgência por reformas estruturais e ações imediatas para evitar que mais vidas sejam perdidas devido à precariedade no atendimento médico.