O dia de ontem foi marcado por uma tragedia envolvendo dois policiais militares do Distrito Federal. Uma discussão entre os dois militares sobre a posse de um terreno na MI 10, no Lago Norte, na chácara Vale dos Ipês, acabou com a morte do sargento Raimundo Ribeiro dos Santos Muller, atingido no peito por um tiro. O crime ocorreu na manhã desta terça-feira (1º/8), por volta das 6h. Um subtenente matou um sargento.
Quando arma e despreparo emocional se unem a ganância e a falta de domínio próprio as tragédias acontecem. Aqui no Blog Policiamento Inteligente já fizemos algumas matérias abordando o tema. Uma delas foi intitulada: Como estão as condições de trabalho dos policiais no DF? Como está o “psicológico” desses policiais? Em um passado recente quando o policial não matava o bandido, ele morria. Atualmente, mata, morre e comete suicídio, também abordamos o tema: SUICÍDIO DE POLICIAIS. AS CORPORAÇÕES ESTÃO DOENTES?
Agora, como na bíblia, onde Caim matou seu irmão Abel, “irmãos de farda” estão se matando. Uma cena triste, que denigre a imagem de toda uma corporação, pois volta a cena o esteriótipo estigmatizado de que o “policial é aquele que mata, aquele que executa”, neste caso, inclusive seu “irmão de farda”.
Um ponto que leva a reflexão sobre a liberação de armas no país para o “cidadão de bem”, como defendem alguns. Se os policiais, que deveriam ter o controle emocional, domínio próprio e cuidado ao usar as armas, cometem crimes utilizando-se delas, imaginem vários cidadãos descontrolados no trânsito ou em suas residências, após uma briga com vizinhos ou até mesmo entre parentes, seja filhos, esposas, esposos ou pais.
Imaginem a liberação de armas no comércio onde qualquer uso possa ter acesso a elas. Quantas tragédias vimos nos Estados Unidos, local semelhante ao descrito? Quantas vezes vimos psicopatas entrando em escolas, cinemas e outros espaços públicos atirando e fazendo centenas de vítimas? No Brasil, mesmo sendo proibido o acesso as armas, já tivemos casos semelhantes, imagem liberando de uma vez.
Imaginem-se, enquanto policiais, tendo que fazer abordagens, com a certeza de que cada cidadão pode ser um “criminoso em potencial” com uma arma nas mãos. Hoje, durante as abordagens, já existe um temor, pois os bandidos andam cada vez mais armados, o medo seria triplicado entre policiais e cidadãos. Se enxugam gelo hoje, com o tempo as poças aumentariam.
O discurso de que cada um deve ter o direito de se defender, rompe com o “contrato social”, destrói “o monopólio do uso da força” e cria a anarquia na jovem democracia, de um país em construção, que não tem uma cultura de armas, nem guerra. Um país imaturo, cheio de conflitos em que o exercício da cidadania ainda é desconhecido.
Liberar a venda e utilização de armas no Brasil é o primeiro passo para a potencialização de uma guerra civil. Armas devem ser restritas em um Estado onde seus cidadãos não tem maturidade política para eleger seus governantes, nem maturidade psicológica para dominar suas emoções.