Tenho percebido a necessidade de voltar a falar sobre “liderança”. Passei quase dois anos trabalhando conceitos básicos sobre liderança, um deles é que “liderar é influenciar pessoas – para um objetivo comum”,  pois entendi, naquele momento, que o problema em nosso meio é a falta de líderes. Na polícia militar temos “líderes em potencial”, mas não líderes (falo na visão behaviorista, não na visão tradicional). Poucos sabem o significado deste termo, ou simplesmente o confundem com seus “pré-conceitos” (neologismo).

No dia 30 de janeiro escrevi um texto onde fiz a seguinte a afirmação:

Estamos passando por um “realinhamento” de nossa cultura organizacional. Uma transição entre a liderança baseada em “cargos” (tradicional) e a liderança baseada em características (Behaviorista). Fato que temos observado como uma fase da “desmilitarização cultural”. Com a formação de micro-grupos em nosso meio, precisamos compreender o Estágio de evolução do nosso grupo. Qualquer grupo passa por alguma versão de evolução. A primeira fase é sempre a formação do grupo, no nosso caso específico, micro-grupos nas redes sociais fechadas. Inicialmente, o grupo não é realmente um grupo, mas um conjunto de indivíduos, cada um focado em como tornar a situação segura e pessoalmente compensadora, enfrentando ao mesmo tempo problemas pessoais de inclusão, identidade, autoridade e intimidade. Em outras palavras, mesmo com os eventos marcantes iniciais que criam algumas respostas emocionais compartilhadas, nesse estágio, os novos membros estão mais preocupados com seus próprios sentimentos do que com os problemas do grupo e, mais provavelmente, operam na suposição “inconsciente” de “dependência”, ou seja, ainda necessitam de “alguém” que aponte o caminho, no nosso caso, o “formador de opinião”, como no caso abaixo:

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Iniciei com o parágrafo acima, desenvolvi a reflexão e terminei com a seguinte conclusão:

No processo de formação de grupo, aliando-se a tese levantada acima, o micro-grupo pode “atacar” coletivamente o “influenciador”, negar “agressivamente” suas sugestões e puni-lo por seu silêncio. Ou pode, repentinamente, seguir por conta própria, levado por um dos membros, com a declaração implícita ou explícita: “Precisamos nos afastar do líder que falta à palavra e seguir por conta própria” o nosso caminho.  Neste momento, o “formador de opinião” que tiver o pensamento predominante no grupo torna-se o líder, pois sua ideia foi assimilada e difundida pela maioria. Houve consenso no grupo.  O foco já não é mais o detentor do  cargo, que se utiliza do discurso da autoridade para oprimir, mas sim  o detentor da característica, que utiliza-se da autoridade do discurso para libertar! Neste estágio a “desmilitarização cultural” foi assimilada, pois os membros do grupo, conscientemente, reconhecem que estão conscientes de seus atos e que estão inseridos no grupo. O indivíduo e coletivo se misturam em uma “simbiose”, onde fica difícil identificar o pensamento individual e o pensamento coletivo.

O ponto principal da discussão aquela época foi:

O “formador de opinião” que tiver o pensamento predominante no grupo torna-se o líder, pois sua ideia foi assimilada e difundida pela maioria.

O termo “formador de opinião” a partir deste texto passou a ser utilizado por alguns como sendo sinônimo de líder em nosso meio. Algumas pessoas não se “reconhecendo” como líder, mas como uma pessoa que “influencia” outras pessoas, passaram a se autointitular ou a ser intitulada “formador de opinião”, mas a reflexão que faço é: seria a mesma coisa? Eu diria que sim e que não, sim se e somente se ” sua ideia for assimilada e difundida pela maioria”, caso contrário, tal formador de opinião “ainda” não pode ser considerado o “líder”.

Tenho aprendido que o componente mais valioso da liderança não é poder, posição, influência, notoriedade, fama, talento, dom, oratória dinâmica, persuasão, superioridade intelectual, conquistas acadêmicas ou habilidades administrativas. O componente mais valioso é o caráter. Caráter é o berço da credibilidade do líder. Sem o elemento de um forte, nobre e honorável caráter, a liderança e todas as suas conquistas em potencial estão em perigo de anulação. Todo líder é tão firme e seguro quanto o seu caráter. Uma pena poucas pessoas darem atenção a tão importante componente da liderança. O caráter é construído diariamente. Quantos líderes, com bom caráter, temos na política atualmente?

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