O jornal de Brasília de terça-feira dia 14 de maio de 2013, em seu caderno cidades, página 03, abordou o tema: “Postos comunitários – População nada satisfeita”. Em seu subtítulo trouxe a manchete “Serventia das unidades da PM é questionada pelos moradores e avaliada em artigo acadêmico”.
Os postos comunitários de segurança foram criados no Governo Arruda para “contribuir para a melhoria da segurança da população do Distrito Federal”, mas hoje tem sua atividade questionada pela polução. Em uma enquete do jornal, no portal ClicaBrasília, do grupo Jornal de Brasília, 84,07% avaliaram que os postos não impedem a ação dos bandidos. Não podemos negar que a enquete não traz surpresas, pois todos nós temos a consciência de que os “postos” jamais impediriam a ação dos bandidos, o que impede tal ação é um conjunto de procedimentos policiais, dentre eles a presença policial nas áreas onde os postos estão instalados.
Os postos foram resultado de um alto investimento, o que aumenta a cobrança da população, ou seja, eles precisam trazer resultados a altura. Não podemos fechar os olhos, pois além da população, alguns policiais lotados nos postos não classificam a própria atividade como trabalho de segurança pública. Algo gravíssimo dentro do sistema, pois demonstra que a base não está participando do processo ou não acredita nele. É o que revela o estudo de um mestrando em sociologia.
Segundo o jornal, a pesquisa revelou que as demandas recebidas por esses militares, em geral, se referem a impasses e brigas entre familiares e vizinhos. O que, para os próprios policiais, não configuram como ocorrências reais. O fato demonstra que os policiais ainda não se veem como “mediadores de conflito”, dentro de um modelo de polícia mediadora de conflito, mas sim como “caçadores”, presos a um modelo de polícia de confronto, repressiva. É preciso mudar o paradigma.
As frases de um oficial de uma praça demonstram isso:
“O não gostar é porque primeiro não conhecem a filosofia, segundo, está na cultura. Hoje, a nossa cultura é de prender arma e prender bandido; o policial fica ali doido para ter uma ocorrência em andamento, um assalto em andamento, e ele chegar lá disparando e prender o bandido. Essa é a nossa cultura. Hoje, o policial nosso é chamado de “caçador”, entendeu?” (Oficial identificado como E.5)
Precisamos compreender como mudar essa cultura, como fazer o policial conhecer a filosofia e como torná-lo um “mediador de conflito”, mais preventivo e menos repressivo.
“Eu sou policial de rua, eu gosto de viatura. Eu estou aqui porque me colocaram. Se fosse pela minha vontade, eu estaria de viatura e não no posto. Por que eu na viatura, acho que eu posso produzir mais… E aqui eu estou engessado. É o que o pessoal fala: “o policial está lá engessado, não sai do posto”. Eu produziria mais na viatura, 12 horas…Eu cobriria uma área maior, seria muito melhor”. (Praça identificado como E.6)
Seria interessante traçar um perfil para aqueles que atuam nos postos? O posto é um lugar de referência ou de permanência? Precisamos responder tais perguntas…
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