Você percebe que o Estado está perdendo o controle quando grupos marginais começam a enfrentar as forças policiais sem medir as consequências. Isso ocorre por dois motivos, segundo o consultor, especialista em segurança pública e cidadania, Aderivaldo Cardoso:
os criminosos passam a acreditar que são mais fortes em determinada região, em alguns casos, passam a ocupar e a executar o papel do estado, que é ausente ou omisso, ou simplesmente, contam com a certeza da impunidade.
No Distrito Federal o enfrentamento entre marginais e policiais tem aumentado gradualmente. Em áreas mais violentas é comum bandidos terem o apoio da população. Em alguns casos, já tentaram quebrar viaturas para retirar presos. Já tivemos exemplos no Itapuã e Cidade Estrutural.
Ontem, uma equipe do plantão da 27ª DP estava da região da Favelinha, no Recanto das Emas, atendendo a uma ocorrência de localização de veículo. Três criminosos encontravam-se em um Celta, que havia sido roubado em Ceilândia.
Após perseguição, o Celta bateu e os ocupantes do carro tentaram fugir. Um homem, que estava armado, segue foragido. Os outros dois foram presos. Os moradores reagiram e jogaram pedras e pedaços de madeira em direção aos policiais. No momento em que os agentes tentavam controlar a população, alguns moradores abriram o cubículo da viatura e deram fuga aos criminosos. Um policial chegou a ficar ferido.
A equipe pediu apoio, via rádio. O pedido foi atendido por diversos policiais civis e militares, compondo uma grande operação para recapturar os criminosos. O adolescente apreendido na operação conjunta afirmou que estava ao volante do carro roubado e que um dos envolvidos, durante a perseguição, ligou para comparsas pedindo para que todos fossem para a rua enfrentar os policiais. O menor foi autuado por ato infracional análogo ao crime de receptação de veículo roubado.
Ainda ontem, um policial civil foi baleado em uma quadra do Guará. Cidade que tem aumentado significativamente a sensação de insegurança. O policial ferido está lotado na 27ª DP (Recanto das Emas) e, a pedido do delegado-chefe da unidade, Pablo Aguiar, a identidade dele não será divulgada por questões de segurança.
A desordem na segurança pública do DF pode ser reflexo da falta de comando na pasta. Durante a semana, o secretário adjunto de segurança pública, que não conhece a realidade de Brasília, assim como o atual titular, fez críticas ao governador e nada lhe aconteceu. Aparentemente, os próprios integrantes do atual governo parecem não acreditar mais no trabalho que exercem e no governo que servem. Algo urgente precisa ser feito, chegou a hora de uma mudança nos comandos das forças para oxigenar e motivar os policiais.
Por Giuliana Cardoso – Com informações do Jornal Metrópoles.