Há cinco anos, Arthur Sulzberger Jr., editor do The New York Times, deu uma declaração sobre a visão futurista do jornal norte-americano com relação ao jornalismo. “Para nós, o futuro do jornalismo é crescentemente digital e crescentemente global”, afirmou.  Sulzberger estava certo ao enxergar que em um futuro próximo o digital substituirá definitivamente o papel, uma tendência mundial que acontece a todo vapor.
Seguindo esse prognóstico, em meados de outubro de 2014 recebi uma mensagem daquele que foi um dos meus professores durante o curso de jornalismo, nas faculdades ICESP/PROMOVE, no Guará-DF: o prof. Francisco de Paula Lima Junior (in memoriam), mais conhecido como professor Chico.
Dois anos depois da faculdade, meu caminho novamente voltou a se cruzar com o do professor Chico, mas desta vez na área do webjornalismo, na blogosfera política. Meu blog tinha sido lançado apenas há seis meses, sem que eu soubesse ao certo qual seria o resultado da nova empreitada.
A mensagem do prof. Chico foi a seguinte: “Vamos criar uma associação de blogueiros de política e você tem que fazer parte dela. Te aviso quando marcarmos a primeira reunião para discutirmos sobre o assunto”. Disse que participaria, embora não tivesse entendido a magnitude da ideia, pois era foquinha (apelido utilizado para o jornalista novato) na blogosfera.
Na primeira reunião, um time de peso compareceu em uma sala de aula do ICESP/PROMOVE. Falei muito pouco. Passei o tempo inteiro ouvindo e tentando compreender a importância que teria uma associação de blogueiros para a categoria. Nomes relevantes da blogosfera, como Odir Ribeiro, Sandro Gianelli, dentre outros, estavam presentes.
Após vários debates, nasceu a Associação dos Blogueiros de Política do Distrito Federal e Entorno (ABBP), cuja missão é representar, defender e unir a categoria de blogueiros de Brasília e da Região Metropolitana.
A existência da ABBP não tem como missão acabar com a grande mídia. Quem pensa assim está equivocado. O motivo principal da fundação da entidade foi para unir e fortalecer a classe de blogs, que andava dispersa, sem que pudesse contar com uma instituição que a representasse.
Toda associação ou movimento tem que surgir no cenário em que atua para somar e contribuir com o debate, não criar meios de inibição ou desmerecimento da atuação de outros agentes, o que acaba implodindo a própria categoria. No caso da blogosfera, o aparecimento da ABBP contribuiu para um olhar mais atencioso da classe política e jornalística para os profissionais que trabalham na fábrica da notícia digital, que pautam, por diversas vezes, a imprensa convencional.
Trata-se de uma associação ampla, editorialmente falando, cujos blogueiros com suas matérias jornalísticas alcançam camadas específicas da população até então pouco exploradas por outros veículos. A amplitude também é geográfica, contemplando todo o país, com a cobertura da política nacional, mas o foco acaba sendo a política distrital, já que a sede se encontra na capital.
Vale ressaltar que, apesar da importância de personalidades imprescindíveis para a sua história, a ABBP não é fruto do trabalho de um homem só, mas da força do conjunto, que é plural e coeso. E é por este motivo que ela se tornou maior que qualquer associado, assim como acontece com as grandes entidades que sobrevivem com o passar dos anos. O todo tem que ser maior que a soma de suas partes.
O processo minucioso de fundação, construção e expansão foi fundamental para dar estrutura à obra. Sem esses três pilares, a instituição não chegaria até aqui e teria se desmoronado com a primeira tempestade.
Nos seus três anos de existência, a Associação demonstra ter uma característica importante: não cede à perigosa vaidade e passa na primeira etapa do espinhoso teste do tempo, sendo a entidade que mais agrega blogueiros que fazem a cobertura política em diversos segmentos da sociedade brasiliense e do entorno.
Parabéns, ABBP!
 
*FRED LIMA É JORNALISTA GRADUADO PELAS FACULDADES ICESP/PROMOVE. É FUNDADOR E PRESIDENTE DE HONRA DA ABBP