Cúpula do BRB na gestão Rollemberg é alvo de operação da PF e do MPF

Investigações apontam suposto esquema de pagamento de propina em troca de investimentos do banco no extinto Trump Hotel

HUGO BARRETO/METRÓPOLES

A Polícia Federal deflagrou nesta terça (29/1) operação que investiga suposto esquema de pagamento de propinas de R$ 16,5 milhões a diretores e ex-diretores do Banco de Brasília (BRB), em troca de investimentos em projetos como o do extinto Trump Hotel, no Rio de Janeiro, atualmente conhecido como LSH Lifestyle.
Entre os investigados, estão o presidente licenciado do BRB, Vasco Cunha Gonçalves, recém-nomeado para presidir o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), e diretores Financeiro e de Relações com Investidores, Nilban de Melo Júnior, e de Serviços e Produtos, Marco Aurélio Monteiro de Castro.
Os três são alvos de mandados de prisão, expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Agentes da PF estão na sede do BRB fazendo busca e apreensão.
Também no rol dos investigados, estão Diogo Cuoco e Adriana Cuoco, filho e nora do ator de telenovelas Francisco Cuoco, respectivamente. E Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do general João Baptista Figueiredo.
A operação se baseia nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, do corretor Lúcio Bolonha Funaro, operador de propinas para o MDB, e do empresário Ricardo Siqueira Rodrigues. Este último montou, em sociedade com Paulo Renato, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) LSH com o objetivo de captar dinheiro para o hotel.
Entenda o caso
A LSH Barra Empreendimentos Imobiliários S.A, responsável pelo LSH Lifestyle Hotels, ex-Trump Hotel Rio, criou, em 2012, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) LSH a fim de viabilizar o projeto.
A LSH foi ao mercado e lançou debêntures (títulos de dívida) junto a instituições financeiras para captar recursos destinados à construção do hotel na Barra da Tijuca, bairro nobre da capital fluminense.
A operação totalizou R$ 80 milhões em valores corrigidos, conforme noticiou a Coluna Radar, da Revista Veja. Desse total, 42% são do BRB (R$ 33,6 milhões). A instituição financeira adquiriu, administrou e custodiou o fundo por quase quatro anos, entre 2013 e 2017.

Segundo balanço publicado em março de 2018, o banco teve outra participação no negócio. A BRB-DTVM Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A., coligada do BRB, fez um aporte de R$ 18,5 milhões no fundo criado pela empresa LSH. Esse valor, contudo, foi a título de investimento e não é cobrado na ação judicial movida pelo Banco de Brasília.

Os problemas começaram a aparecer com o desenrolar, nos últimos anos, de investigações da Polícia Federal que apontavam irregularidades na gestão da empresa carioca. A situação complicou-se a ponto de o hotel que ostentava a marca de Donald Trump precisar mudar de nome.
Ex-Trump
Devido a entraves contratuais e com a Polícia Federal no encalço de pessoas ligadas à LSH, o grupo norte-americano desfez a parceria. Em 2016, o Trump Hotel Rio passou a se chamar LSH Lifestyle Hotels.
A presença de nomes denunciados em ações da Lava Jato nos negócios da companhia emite sinal de alerta. São eles: o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur”, acusado de operar o esquema de compra de votos para que o Brasil sediasse os Jogos Olímpicos de 2016; o dono do grupo educacional Alub, Arthur Mario Pinheiro Machado; e Ricardo Siqueira Rodrigues, apontado pela Polícia Federal como o maior operador de fundos de pensão no país.
Fonte: Portal Metrópoles