A política é feita de gestos e sinais. O Ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) em entrevista ao Fantástico, programa semanal da Rede Globo, deu vários sinais de que está chegando ao limite. É possível que metade dos telespectadores não tenham entendido a porrada e as críticas feitas pelo atual ministro, mas fica claro, a partir do local da entrevista, os sinais dados por ele.
Mandetta estava no Gabinete do Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), médico e ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que indicou o Ministro para o cargo. Um claro sinal de que estão testando sua força, se não for demitido, demonstrará que Mandetta está sob o manto da junta militar que o protegeu da demissão anterior e das outras esferas do poder.
O recado mais forte de Mandetta foi sobre as mensagens dúbias que o governo tem dado. Ele afirmou na noite deste domingo (12/04) que espera uma “fala unificada” do governo federal para o combate ao novo coronavírus no país. Segundo o ministro, o brasileiro vive em “dubiedade”, porque não sabe se segue as orientações dele ou do presidente da República, Jair Bolsonaro, quanto às medidas de enfrentamento à Covid-19.
“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, aglomeradas, isso é claramente uma coisa equivocada. (…) O nosso inimigo é o coronavírus. (…) Eu espero que a gente possa ter uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro, o presidente, quem ele escuta.”
O ministro defende o isolamento social para evitar o pico da infecção no país e evitar o colapso da saúde pública, por outro lado, o Presidente Jair Bolsonaro, defende o isolamento vertical, quando apenas pessoas dos grupos de maior risco, como idosos e portadores de doenças crônicas, ficam em casa. Um está focado na “vida” e o outro na “economia”.
“O presidente olha muito o lado da economia. O ministério entende a economia, mas chama pelo lado de equilíbrio à proteção à vida. Espero que a validação dos diferentes modelos de enfrentamento possa ser comum”, disse mandetta
De maneira inteligente o ministro também fez uma crítica sútil ao uso de curas “milagrosas” e aqueles que acompanham as fakenews postadas na internet, algumas pelo próprio presidente.
“Tem muita gente que gosta da internet e vê uma fakenews dizendo que é invenção de outros países para ganhar vantagem econômica, algumas pessoas acham que existe algum complô mundial contra elas, como se tivesse alguma solução, como um passe de mágica, e como se precisasse que ninguém fizesse nenhum tipo de sacrifício”, disse ele
Agora é esperar a reação do Planalto, tanto da junta militar que faz parte da cúpula ministerial do governo, quanto a reação do próprio presidente, que já tinha avisado recentemente que “paciente também pode mudar de médico”. Caso o paciente mude médico, sempre terão outros pacientes em outros consultórios, principalmente em Goiás.
Da redação do Policiamento Inteligente
Saiba mais:
