Quem já leu meus trabalhos deve ter observado algumas criticas no que se refere a subordinação das polícias aos Governadores. Sei que é uma questão histórica e difícil de ser resolvida.
Ela nos remonta à “revoltas da polícia paulista” e a “militarização das polícias no país” com a Missão Francesa no Brasil. Passa pelo modelo Federativo e vários outros pontos que em apenas um post não posso comentar.
Mas o caso do “Mensalão do DEM” no DF, deixou claro essa fragilidade. E nos mostra a necessidade de “várias” polícias (pelo menos em várias esferas). O que enfraquece o “discurso da Unificação das polícias”. É preciso entender o que é unificar, se normas e procedimentos, bancos de dados, salários…se uma polícia única na federação ou nos estados. O discurso deve ser mais claro. POLÍCIA ÚNICA NAS MÃOS DE POLÍTICOS CORRUPTOS É GOLPE DE ESTADO. Precisamos ter consciência disso!
É preciso reestruturar as polícias, dando independência e autonomia para se investigar. Todos os relatórios importantes da polícia passam pelo “governador e chefe das instituições policiais”! O que dificulta investigar “seus aliados”. A polícia continua sendo um “braço do Estado”. Continua sendo um aparelho de “controle ideológico”, se olharmos dessa forma. É preciso mudar esse quadro. É preciso criar um MODELO DE POLÍCIA BRASILEIRO, que sane essas deturpações!
Mas, quais dos políticos atuais abririam mão desse poder?
A maioria dos Deputados e Senadores, ou foram governadores, ou pretendem ser. Isso é um grande problema, pois são eles que “fazem as leis”.
A sociedade precisar cobrar e se posicionar, nós somos parte da sociedade!
O que aconteceu aqui no DF não é novidade, é HIPOCRISIA!
Policiais afirmam em depoimento que Arruda interferiu em investigações
Ana Maria Campos
Publicação: 05/03/2010 08:49 Atualização: 05/03/2010 08:52

Ao defender a manutenção da prisão preventiva do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido), a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, revelou ontem no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) fato inédito apurado nas diligências da Operação Caixa de Pandora. Duprat disse que a reclusão de Arruda encorajou policiais civis do Distrito Federal a detalhar em suposta interferência do chefe do Executivo local em investigações relacionadas a seu governo.
“Policiais civis tiveram coragem, agora, porque o governador está preso, de denunciar que em outras duas operações o governador tinha interferido para impedir que houvesse investigação a respeito de Marcelo Toledo e de um outro doleiro”, sustentou a procuradora. Ao fim da sessão no STF, Duprat afirmou que três delegados da Polícia Civil do DF prestaram depoimento aos promotores no dia 1º de março.
O Correio apurou que o Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do DF ouviu os delegados Celso Ferro, Marco Aurélio de Souza e Cícero Jaime — o primeiro aposentado e os outros dois da ativa. Os depoimentos foram encaminhados à Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolver diretamente o nome do governador.
Os delegados contaram que participaram de uma reunião na residência Oficial de Águas Claras em que houve uma cobrança de Arruda à cúpula da área de segurança pública sobre o andamento de investigações relacionadas ao policial civil aposentado Marcelo Toledo e ao doleiro Fayed Trabously. Estavam em curso dois inquéritos sob a responsabilidade do Ministério Público: as operações Tucunaré e Tellus, relacionadas, respectivamente, à lavagem de dinheiro e à cobrança de propina para liberação de lotes no programa Pró-DF, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. As investigações incluíam escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Marcelo Toledo e Fayed foram interceptados. Arruda não teria gostado da investigação contra Toledo, apontado durante a Operação Caixa de Pandora como um dos operadores de desvios de recursos de prestadoras de serviço. O policial aparece em um dos vídeos gravados por Durval Barbosa entregando dinheiro ao então assessor de imprensa de Arruda, Omézio Pontes.
Teor
Um dos depoimentos foi prestado pelo delegado aposentado Celso Ferro, ex-diretor de Atividades Especiais da Polícia Civil do DF, conhecido pela perícia de captação telefônica como meio de prova em investigações policiais. Hoje consultor na área de informação, Ferro contou aos promotores que prestou serviços a Arruda, mas disse que não recebeu qualquer pagamento por isso.
Ele confirmou ainda a autoria de um relatório sobre investigações clandestinas sobre as atividades do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT). O documento foi encontrado na casa do conselheiro Domingos Lamoglia, do Tribunal de Contas do DF, durante busca e apreensão da Operação Caixa de Pandora, deflagrada em 27 de novembro. No relatório, Celso Ferro aponta informações sobre o trabalho dos promotores e chega a dar detalhes sobre o andamento da investigação relacionada ao escândalo que levou à renúncia do ex-governador Joaquim Roriz no Senado.
Também prestou depoimento o ex-diretor do Depate Cícero Jaime, pessoa da confiança de Celso Ferro, afastado da função por Arruda durante a Operação Tucunaré porque não estaria colaborando com os interesses do Executivo. Outro ouvido foi o delegado Marco Aurélio de Souza, ex-diretor da Divisão de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap).
Fonte: Correio Braziliense