SOROCABA – O dono e reitor da Universidade Brasil, José Fernando Pinto da Costa, de 63 anos, preso nesta terça-feira, 3, em operação da Polícia Federal contra fraudes à educação, foi homenageado em fevereiro de 2018 com a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz, pelo Ministério da Saúde.
Criada pela presidência da República em 1970, a medalha homenageia pessoas que se destacaram no campo das atividades científicas, educacionais, culturais e administrativas, contribuindo para a saúde pública e para o bem-estar físico e mental da coletividade brasileira.
Na época, a cerimônia de entrega da honraria teve a participação do então ministro da Saúde, Ricardo Barros. Fernando Costa também foi considerado a personalidade do ano pelo Estado de Mato Grosso do Sul e recebeu o Prêmio Líderes do Brasil, concedido peloLide – Grupo de Líderes Empresariais, fundado pelo, hoje, governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O Prêmio Líderes do Brasil reconhece empresas e personalidades que obtiveram êxito nos negócios e em seus campos de empreendimentos.
Em nota divulgada na época, Fernando Costa e a Universidade Brasil foram escolhidos pelos serviços relevantes prestados à região de Fernandópolis, no interior de São Paulo, além dos investimentos na área da educação.
Fernando Costa também esteve em evento da Lide em Mato Grosso do Sul, quando falou sobre os investimentos da universidade naquele Estado. A Universidade Brasil foi parceira de Corinthians, Flamengo e Atlético mineiro.
Segundo o perfil divulgado pela universidade, José Fernando Pinto da Costa é natural de Vera Cruz, pequena cidade do interior, e seguiu a carreira de engenheiro civil após se formar pela Unesp de Ilha Solteira. Ainda de acordo com o material da faculdade, ele foi o engenheiro responsável por obras como o complexo Itaú Unibanco, Metrô de São Paulo e de uma barragem no Peru.
Depois de se aposentar pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Costa decidiu participar do projeto Educação para Todos e passou a atuar como empresário no setor educacional. Em seu site oficial, a Universidade Brasil destaca possuir dois centros universitários consolidados e faculdades e mais de 100 municípios de nove Estados, situando-se “dentre as mais sólidas organizações privadas de ensino e pesquisa do Brasil”.
O texto afirma que “para atingirmos esse marco prodigioso, enfrentamos grandes desafios, muitos deles criados pelos ‘caprichos’ da burocracia a serviço de um legalismo estéril e ilegítimo que, incrustado na gestão política anterior do Ministério da Educação, só foi vencido pela nossa absoluta fé nos primados do Direito e na clarividência altruísta do Poder Judiciário”.
A prisão do reitor da Universidade do Brasil e presidente do Grupo Uniesp causou surpresa em Fernandópolis, onde ele sempre foi reconhecido como um “visionário da educação”. Recentemente, Costa se reuniu com lideranças políticas da cidade para anunciar projetos para a cidade, como a ampliação de vagas para o curso de medicina.
Os políticos o consideravam um homem de trânsito fácil nos mais altos escalões da República – alguns o chamavam de ‘ministro da educação particular’. No ano passado, ele chegou a anunciar que negociava a compra de outras faculdades no interior, como as Faculdades Integradas de Andradina. O empresário mantém um escritório na Rua Direita, em São Paulo, e tinha o hábito de se deslocar de jatinho ou helicóptero.
A Universidade Brasil informou que não se pronunciaria sobre a operação da Polícia Federal que prendeu seu reitor e proprietário. Em seu site, a escola postou um comunicado aos alunos: “Informamos que as aulas nos campi da Universidade Brasil, demais unidades do Grupo e EAD ocorrem normalmente.”
Informações do Jornal O Estado de São Paulo/Estadão