A cidade de São Sebastião ganhou cor e vida com a arte estampada nas faixadas e muros da rua 30-A, no Setor Tradicional da cidade. Intitulada Rua das Artes Metamorfose, a via foi inaugurada na manhã deste sábado (14), com a presença do vice-governador Paco Britto, do secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, e demais autoridades locais.

São 18 painéis assinados por sete artistas que fazem parte do Instituto Metamorfose – Cidadão com Profissão, cuja sede foi instalada há 25 anos no local. O instituto abriga o projeto de mesmo nome, que visa formar cidadãos por meio da arte e descobrir futuros talentos, promovendo a inclusão social de crianças, jovens e adultos.

No ateliê, as técnicas de pintura e desenho são ensinadas gratuitamente, com o intuito de resgatar os jovens das ruas. Por ali já passaram mais de cinco mil artistas desde a inauguração da sede.

Segundo o diretor presidente do instituto, o artista plástico Francisco Bastos da Costa, mais conhecido como Chico Metamorfose, o intuito da ação desta manhã de sábado foi o desejo de ver sua rua tornar-se uma galeria de arte.

“O feito que conseguimos, poucas ruas conseguem. Somos uma família. E graças ao Governo do Distrito Federal, conseguimos tirar os lixos das calçadas e acabamos com as brigas e discussões dos vizinhos por conta das jogatinas. Tínhamos vergonha [da situação como estava], mas a cultura pode (mudar isso) e faz. Agregamos valores”, frisou. “Agora é pouca parede para muitos jovens”, brincou.

No ateliê, as técnicas de pintura e desenho são ensinadas gratuitamente, com o intuito de resgatar os jovens das ruas. Por ali já passaram mais de cinco mil artistas desde a inauguração da sede  Foto: Vinícius Melo / Agência Brasília

Dirigindo-se ao vice-governador, sugeriu um título para São Sebastião, como a cidade-arte no DF. “Porque é notório que aqui não se vê pichações. É a cidade menos pichada do DF”, garantiu, após acompanhar Paco Britto em uma visita ao instituto e mostrar as pinturas expostas na Rua das Artes.

Paco Britto concordou com o artista Chico, afirmando que a cidade é uma galeria a céu aberto. “O que falar do Chico? Tudo que eu falar é muito pouco [pelo ensinamento da arte]. Me emociono por estar aqui. Nunca um governo olhou tanto e trabalhou tanto pela cultura como o governador Ibaneis Rocha”, lembrou Paco, referindo-se, por exemplo, à reabertura de patrimônios culturais de Brasília pela gestão atual, como o Museu de Arte Moderna (MAB), que ficou fechado por 14 anos, e a Concha Acústica, cuja reabertura está prevista para o próximo dia 19. Também citou a reforma do Teatro Nacional – atualmente, o governo trabalha no andamento dos trâmites legais -, entre outros.

Saudoso da época de sua juventude, o secretário Bartolomeu fez um breve relato de sua história como artista no sertão de Pernambuco, quando se aventurava com desenhos feitos com carvão nas ruas de Serra Talhada.

“Talvez fosse até um grande artista, mas acabei me formando jornalista. Vale a pena sonhar. A criança que sujava as ruas com carvão, hoje é o secretário da capital federal, que é Patrimônio Cultural da Humanidade”, observou. “Senti uma sinergia com (Alan) Valim [administrador regional de São Sebastião] e aí descobri que ele também é artista. A secretaria está de portas abertas. E o que a gente puder fazer, vamos tentar, porque temos que agir”, completou.

Alan Valim, por sua vez, ressaltou que a Administração Regional da cidade é uma extensão da Secretaria da Cultura e ratificou que está de portas abertas para o setor, visando melhorias locais. “Nossa cidade tem potencial para ser uma das melhores para se viver”, valorizou.

Cereja do bolo

Mas Chico Metamorfose quer mais. Para ele, falta a “cereja do bolo”. Na ocasião, pediu ao Paco Britto para que fossem instaladas lâmpadas de LED no local. A ideia é valorizar ainda mais os painéis.

Alan Valim assegurou que as lâmpadas de LED “estão no radar” da administração. “Nós, do governo do maestro Ibaneis, temos agilidade”, completou, Paco Britto, após fazer uma ligação telefônica para a Companhia Energética de Brasília (CEB) para resolver a questão das lâmpadas. E assegurou: “estarei na inauguração da iluminação”.

Certificados

Ao final do evento foram entregues certificados aos sete artistas participantes da obra da Rua das Artes. Entre eles, a adolescente Mariana Tavares Borges, 17 anos, há sete anos atuante no instituto.

“Esta foi minha primeira exposição. Estou muito feliz. É um sonho realizado”, disse a estudante da segunda série do Ensino Médio. A especialidade da artista é o método quadriculado, técnica utilizada para fazer esboço. No local, havia uma dezena de quadros da Mariana com esboços de famosos, como o Rei Pelé, o cantor Raul Seixas, a princesa Diane, entre vários outros.

Já o também estudante de 17 anos, Cauam Couto de Oliveira, há apenas três meses no instituto, garante que a pintura para ele, no futuro, será um hobby. “Quero ser fotógrafo”, adiantou, mas sem esconder a emoção de segurar o certificado e confessar que, dentro dele, tinham muitos sentimentos misturados. “Estava ansioso para terminar logo”, disse, referindo-se à Rua das Artes.

Além deles, outros artistas foram homenageados com quadros pintados pelo próprio Chico Metamorfose. Também participaram da inauguração o comandante do 21° Batalhão da Polícia Militar (PMDF), tenente-coronel Maciel, e equipe; o gerente de cultura da cidade, Josivaldo; músicos; comerciantes, entre outros.

Projeto

O projeto Metamorfose nasceu quando Francisco Bastos da Costa retornou a São Sebastião, após seis meses em uma clínica de dependentes químicos, “Força para Vencer”, em Ceilândia, onde se tratou contra o alcoolismo.

A palavra Metamorfose surgiu em homenagem à história de vida desse artista plástico baiano, e simboliza toda a transformação, o renascimento do Chico como cidadão, que é autodidata, idealizador e mantenedor do projeto.

Além das aulas de pintura gratuitas, o projeto oferece jogos pedagógicos, biblioteca para leituras, projeto “Mala do Livro”, da Secretaria de Cultura, apresentação de música e capoeira. A Rua Metamorfose foi criada com o intuito de proporcionar à população um contato mais próximo com a arte e a cultura.

São Sebastião ganha galeria a céu aberto