Após o confronto entre policiais militares e professores no Eixão Sul, em Brasília, tenho observado algumas modificações na atuação da PM que julgo interessantes. Algumas delas já foram observadas logo após o confronto, na primeira assembleia dos professores em frente ao Buriti.
7abr2015---no-ato-organizado-por-cut-central-unica-dos-trabalhadores-une-uniao-nacional-dos-estudantes-e-mst-movimento-dos-trabalhadores-rurais-sem-terra-nesta-terca-feira-7-em-varias-capitais-1428432878938_956x500
Todas as vezes que temos uma ação violenta legitimada pelas autoridades a tendência é que outras situações semelhantes voltem a ocorrer, muitas vezes de maneira ainda mais violenta. Outra tendência é os comandantes, sabendo disso, serem dominados pelo “medo de agir”. A cautela passa a fazer parte da tomada de decisão.
images
Foi flagrante e notório os erros cometidos na tomada de decisão ao enviar o Choque para retirar os manifestantes no confronto com os professores. A falha foi “pular” as etapas, não ter nenhum comandante regional ou de área no local, por exemplo. Não foram observados os níveis de proteção da autoridade (governador, secretário de segurança e do próprio comandante geral), fato que quase veio expor a figura do governador e gerou uma crise na segurança pública com a saída do ex-secretário de segurança Arthur Trindade.
pmdfembatepcdf
Ao observar as últimas manifestações da PMDF é perceptível que aprenderam a lição. No local sempre encontramos um comandante de área ou até o Chefe do Departamento Operacional, as movimentações são sempre filmadas e o material divulgado para não “manchar o nome da PM”, os policiais estão equipados com EPI (equipamentos de proteção individual) e de fato agora estão utilizando-se do “uso progressivo da força”.
manifestantes-ameacam-invadir-o-palacio-buriti
Antigamente o primeiro nível de uso da força já era a “arma de fogo”, depois passou a ser os “cassetetes”, depois as “balas de borracha”, mas agora a moda é o uso de gás de pimenta.
20100417190347759373u
Com o uso de arma de fogo a vida era tirada ou colocada em risco, com os cassetetes e balas de borracha ainda ocorriam o contato físico e as consequências ainda eram drásticas, agora com o gás de pimenta, que os policiais ainda estão aprendendo a utilizar, o contato é inexistente e os danos são, na grande maioria dos casos, “apenas” psicológicos. Pelo jeito estamos evoluindo!
gas
Aderivaldo Cadoso – Especialista em Segurança Pública e Cidadania, autor do Livro: Policiamento Inteligente – Uma análise dos Postos Comunitários no DF.