Aprendi cedo que somos resultado de nossas escolhas e das pessoas a nossa volta. Sempre procurei aprender com cada lição que a vida me trouxe. Quando estava na universidade cursei uma disciplina chamada “Teoria da história”, e outra chamada “Análise do Discurso” e uma importantíssima chamada “Comunicação e Negociação”. Nelas aprendi muitas coisas, a principal é que para compreendermos um autor precisamos saber sua origem para interpretar seu pensamento. Gradualmente vamos quebrando nossos pré-conceitos (preconceitos) por meio dos conceitos desses autores e automaticamente vamos produzindo nosso próprio conceito, ou seja, um novo conhecimento baseado no somatório do conceito e pré-conceito (preconceito). É com base nisso que fui desenvolvendo os “conceitos” do policiamento inteligente.

Alguns me acham “idealista”, outros “sonhador”, alguns já me acham “visionário”. Na verdade sou realista. Alguém que sabe que as mudanças são lentas, mas que alguém precisa propor e defendê-las. Não tenho dúvida de que muitas propostas feitas aqui eu não verei se concretizar, mas tenho certo que a maioria irá se concretizar em seu devido tempo. Como ocorreu com todas as ideias que um dia defendemos no passado. Com base nisso hoje decidi falar um pouco sobre minha história. Ultimamente estou saudosista. Espero que possam compreender que me inspiro em alguns autores e conceitos, em sua maioria da sociologia e da administração, além é claro dos autores cristãos que me inspiram a interpretar passagens bíblicas.

Sou filho de porteiro e de uma dona de casa. Meus pais sempre foram minha inspiração, meu pai minha coluna de sustentação. Ambos da igreja Assembleia de Deus. Meu pai é presbítero (antigão) de uma igreja no Riacho Fundo I há anos, meu irmão também. Minhas irmãs também fazem parte da mesma congregação. Foi indo a Escola Dominical da igreja onde dei os meus primeiros passos.

Comecei cedo na política, mas não me considero político, considero-me um cidadão. Aos quinze anos já militava em minha escola (Setor Leste) e em minha comunidade (Riacho Fundo I). Fui de grêmio estudantil, participei ativamente de conquistas que vemos hoje. Algumas ideias defendidas há vinte anos foram concretizadas no ano passado ou ainda estão em andamento. Lembro-me de ter participado das discussões do Programa de Avaliação Seriada (PAS), lutado pelo Passe Livre para os estudantes, estivemos a frente da meia-entrada para os estudantes, discutimos a PEC 233 que tratava do provão para os alunos universitários, defendemos a gestão democrática nas escolas, fui conselheiro do orçamento participativo, conselheiro de esporte no Riacho Fundo, Diretor de imprensa e de esporte de entidades estudantis, participei de três campanhas eleitorais, até ingressar na polícia e aprender que “militar não fazia política”. Pelo menos a base não fazia. Que militar não participava de partidos políticos nem de manifestações reivindicatórias. Aprendi que não temos cidadania plena…

Ainda no segundo grau eu afirmava que vivia em um país que se diz democrático, mas que não tínhamos o direito de nos expressar (ainda tenho esse jornalzinho),  vinte anos depois continuo falando a mesma coisa. Há vinte anos falávamos sobre a “escola de policiamento ideológico”, hoje continuo denunciando o patrulhamento ideológico que sofremos nas redes sociais. Há vinte anos eu já lutava contra os generais e coronéis que comandavam as secretárias de segurança pública, chegamos a “derrubar” o então secretário na época do governo Cristovam, General Serra, por agressões sofridas e ataques a democracia. Um dos meus primeiros textos nesse blog não por acaso foi: “O que um general ou coronel de exército entende de segurança pública?”

Cresci, fiz uma especialização em segurança pública, criei um blog, escrevi um livro, milito pela reforma policial no Brasil. Continuo apenas buscando o livre direito de me expressar. Continuo em busca do respeito e da democracia que nós cidadãos merecemos. Quando defendo a cidadania plena não é só para os militares, defendo para todos nós brasileiros, pois ainda não conhecemos a verdadeira democracia. Conhecemos o “centralismo democrático” dos partidos e das instituições autoritárias onde o lema é: “manda quem pode, obedecesse quem tem juízo” ou “Eu mando e você obedece.”

O que sempre me inspirou foi o pensamento de Max Weber no livro A política como vocação: Procuro seguir a linha, pois para mim quem faz política para transformar a realidade a sua volta, buscando o bem da coletividade é cidadão. Precisamos exercer a nossa cidadania plena.

policial_amigo