A guarda municipal Fernanda dos Santos Jorge e Cotó – Ricardo Cassiano / Prefeitura do Rio

A busca por um emprego estável levou Fernanda dos Santos Jorge a prestar concurso para a Guarda Municipal. Aprovada na seleção há 14 anos, nos últimos seis ela dá expediente na 11ª Inspetoria (Parque Madureira), patrulhando a área de lazer da Zona Norte sobre duas rodas. Atrás da bicicleta sempre está Cotó, um cachorro caramelo de idade indefinida, mas que já rondava a unidade da GM quando Fernanda foi transferida para lá. Apaixonada por animais, ela não só ficou amiga do vira-lata como passou a dar atenção a outros bichos abandonados na região, ajudando a encontrar um lar para muitos deles. No entanto, essa guarda mostra mesmo seu lado humano ao localizar pessoas morando nas ruas. Recentemente, mobilizou colegas de trabalho para que uma família tivesse teto novamente. É por essas e outras histórias que Fernanda é uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até domingo (14/03).

Fernanda, no Parque Madureira- Ricardo Cassiano / Prefeitura do Rio

 

Num dia de fevereiro, ao encerrar seu plantão, Fernanda encontrou uma mãe com dois filhos, um deles autista, dormindo na calçada de uma rua perto do parque e quis entender o motivo de estarem ao relento. Sem dinheiro para o aluguel, a mulher contou que precisou se instalar sob uma marquise, onde já vivia um irmão dela. Após muita conversa, a guarda constatou que valia ajudar e, com o apoio de vários colegas, montou uma rede de solidariedade que permitiu conseguir emprego para a mãe e alugar um imóvel para ela morar. Uma das crianças foi matriculada na escola e já tem tênis novo para ir à aula.

– Cheguei à Guarda porque queria um trabalho que garantisse meu sustento. Mas descobri que gosto muito das minhas atribuições. O que mais me move é poder ajudar as pessoas, ainda mais quando é uma ocorrência que envolve criança. Já fui da Ronda Escolar, era um trabalho muito interessante. Também atuei em acidentes de trânsito, tive que acalmar vítimas que aguardavam socorro médico – conta Fernanda, que é formada em administração de empresas e conseguiu pagar parte da faculdade já com seu salário da GM.

A guarda também costuma atender a chamados que envolvem animais. Recentemente atuou no caso de um cachorro espancado em Madureira, que foi parar na delegacia. Mas seu forte é cuidar do bem-estar da cachorrada da região. Junto com uma colega da unidade, fica de olho nos bichos que estão abandonados, precisando de tratamento veterinário, e, quando ficam prontos para adoção, ela dispara fotos deles em grupos de mensagem. Geralmente, as histórias têm final feliz.

O próprio Cotó quase já teve um lar, mas acabou voltando a morar na unidade da GM, para felicidade dele:

– Levei Cotó para a minha casa, estava com doença do carrapato e precisava de cuidados. Ele estava muito mal. Pude dar mais atenção, mas percebia que estava ficando deprimido. Quando trouxe de volta para o parque, foi só alegria, corria para olhar tudo.

O caramelo Cotó é companhia frequente de Fernanda – Ricardo Cassiano / Prefeitura do Rio

 

Da época do Grupamento de Ronda Escolar, Fernanda lembra de quando ajudou duas crianças que eram maltratadas pelos pais adotivos. O caso chegou ao Conselho Tutelar:

– Não me sinto bem se ficar alheia ao sofrimento das pessoas e dos animais, por isso me envolvo tanto. Eu me sinto muito bem e realizada agindo dessa forma.

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  • 9 de março de 2021