A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar), em conjunto com a Polícia Civil de Minas Gerais (Delegacia Especializada em Investigação de Furto, Roubo e Desvio de Cargas da PCMG; Delegacia Regional de Passos; Delegacia de Furtos e Roubos de Uberaba) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), deflagrou, nos dias 16 e 17 deste mês de junho, duas operações integradas. As operações, batizadas com os nomes De Grão em Grão fase II e Passolongo, visaram o combate ao desvio de cargas pelo país, na modalidade criminosa conhecida como “chave na mão ou chaveirinho”, que nada mais é do que o furto qualificado mediante fraude e concurso de pessoas.
De acordo com a investigação, motoristas de caminhões eram cooptados. Os fretes eram contratados e os motoristas embarcavam as mercadorias. No meio do caminho, era enviado outro motorista, que trocava de lugar com o primeiro e levava a carga ao receptador ou intermediário. Após a mercadoria chegar em local seguro, eram feitos boletins de ocorrência com falsas narrativas de roubos. Em geral, as ocorrências eram lavradas em Estados diversos do local de embarque ou destino, a fim de dificultar eventuais investigações e a identificação dos motoristas. Os investigados também apresentavam notas fiscais falsas das mercadorias.
Estima-se que, apenas nos últimos dez meses, a organização criminosa investigada pela polícia tenha sido responsável por mais de 100 desvios de cargas pelo país, sobretudo na região do triângulo mineiro e adjacências dos Estados de São Paulo e Goiás.
Foram identificados, só na área de grãos, 66 desvios de cargas de soja, feijão, café e milho. A subtração das cargas impactou de forma considerável o agronegócio mineiro e goiano. O prejuízo financeiro às empresas é estimado em torno de R$ 15 milhões.
Outro produto muito visado pela organização criminosa é o aço (ferro). Foram identificados cerca de 20 desvios deste produto nas regiões de Belo Horizonte (MG), Itumbiara (GO) e Volta Redonda (RJ). Os policiais identificaram que foram desviados ainda produtos de higiene e limpeza, em especial álcool gel, leite em pó e outros alimentos industrializados.
O Poder Judiciário expediu, nestas operações, 24 mandados de prisão e mais de 20 mandados de buscas e apreensões, que foram cumpridos em Goiás e Minas Gerais. Ao todo, foram presas 10 pessoas, uma delas em Goiás; apreendidos 4 veículos de cargas; 4 veículos recebidos como pagamento pelos produtos desviados e apreendidas 2 armas de fogo na residência de um dos investigados.