A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 pessoas, incluindo ex-ministros, militares e assessores, por suspeita de participação em um plano para desestabilizar a democracia brasileira. As acusações incluem tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e planejamento de golpe de Estado.

Detalhes do Plano

A investigação revelou um esquema denominado “Punhal Verde Amarelo”, que previa ações extremas, como o assassinato de líderes do governo e do Judiciário, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Documentos relacionados ao plano foram impressos no Palácio do Planalto e distribuídos durante reuniões estratégicas.

Um grupo apelidado de “kids pretos”, formado por militares especializados, teria sido responsável por executar as ações. A organização utilizava aplicativos de mensagens com funções de autodestruição de conversas para dificultar o rastreamento das comunicações.

Reuniões Secretas e Minuta do Golpe

Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas um documento sugerindo medidas como a instauração de estado de defesa e o uso de operações militares para permanecer no poder. Apesar disso, o plano enfrentou resistência dos chefes do Exército e da Aeronáutica, que teriam ameaçado prender Bolsonaro caso ele seguisse adiante. Apenas o comandante da Marinha manifestou apoio à proposta.

Em julho de 2022, uma reunião no Palácio do Planalto teria discutido a possibilidade de intervenção antes das eleições. Durante o encontro, membros do governo fizeram referências ao golpe militar de 1964 e sugeriram medidas contra o Tribunal Superior Eleitoral.

Desinformação e Milícias Digitais

Outra linha investigativa aponta que aliados de Bolsonaro teriam iniciado uma campanha de desinformação em 2019, com o objetivo de desacreditar o sistema eleitoral e pavimentar o caminho para questionamentos futuros. A estratégia incluiu acusações infundadas de fraude nas urnas eletrônicas e a criação de um ambiente favorável a medidas autoritárias.

Plano de Fuga

A PF também identificou um esquema que previa a saída de Bolsonaro do país caso houvesse intervenção judicial. O plano, encontrado no computador de Mauro Cid, incluía estratégias militares e o uso de armamentos. Segundo o relatório, a ideia seria utilizada após o insucesso das tentativas de golpe.

Indiciados e Consequências

Entre os acusados estão figuras influentes, como o ex-ministro Augusto Heleno, o ex-secretário Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Todos os envolvidos negam as acusações. O caso agora segue para análise do Ministério Público, que decidirá sobre as próximas ações legais.

A investigação marca um capítulo crítico na história recente do Brasil, destacando os desafios enfrentados pelo Estado Democrático de Direito e a importância de instituições sólidas para preservar a democracia.