Nunca me vi e nem me senti como um operário da violência, mas ao iniciar meus estudos na área da sociologia comecei a mudar meu conceito.
Alguns livros foram marcantes nesse processo, inicialmente o livro da professora Regina Célia Pedroso, intitulado: Autoritarismo e ideologia policial, e agora outro livro nessa mesma linha das professoras: Martha Huggins, Nika Haritos Fatouros e Philip Zimbardo, intitulado: Operários da violência, vem reforçar ainda mais minhas convicções!
Existe uma necessidade latente de mudança na estrutura policial, mas como disse a um deputado distrital ontem, não sou político, cabe a mim somente propor alternativas ou simplesmente levantar o debate sobre o assunto!
Hoje quero apenas deixar as questões levantadas por esses autores para que possamos refletir sobre nossas práticas diárias.
Em meu livro afirmei que somos reprodutores da violência e alguns não gostaram da afirmação, mas continuo afirmando. E retorno ao debate sobre a violência praticada por nós em todo o país!
Essas perguntas são de fundamental importância para nossa formação policial, mas nem tanto para nossa formação militar!
Em que medida os policiais que praticam violência extrema são essencialmente diferentes dos que não a fazem?
Qual o papel desempenhado nesse tipo de violência (policial) pelos os membros de uma unidade policial que estão menos diretamente envolvidos?
De que modo os supervisores (oficiais e sargentos) imediatos de uma unidade policial contribuem para a violência praticada por ela?
Que papel desempenham membros do governo e funcionários de alto nível da polícia na promoção da violência policial?
Por que homens comuns torturam e assassionam em nome do Estado?
Como os perpetradores da violência (nós) explicam e justificam sua ação?
Qual o resultado de seus atos criminosos – para as vítimas, para eles próprios e para a sociedade?
Que lembranças de suas atrocidades admitem e quais delas se tornam história pública?
Respondendo essas perguntas construiremos um pouco de nossa história e nossa identidade!!
Eis o desáfio!
Operários da violência?
- PUBLICIDADE -