Policial Artesão

1/3/2011 14:22:00

Kaysa Marins 

“Tudo começou por acaso, uma brincadeira, quanto mais eu vejo reconhecimento, mais eu me esforço para atingir a perfeição.” Cabo PMDF Valtenor Martins dos Reis

Casado com Odete e pai de cinco filhos, ele está na corporação desde 1990, momento em que também começou a trabalhar com esculturas.  Ele conta que já fez ao todo 1000 peças.
Sofreu forte influência familiar, filho e irmão de artesãos, desde pequeno, já demonstrava vários dons artísticos, como por exemplo, o de desenhar.  Despertou interesse pela arte de esculpir quando era adolescente. Seu pai fabricava coronhas, lixando a madeira com caco de vidro e seu irmão faz esculturas em pedras semipreciosas. Autodidata, enquanto ajudava seu pai, pegou um pedaço de tábua e esculpiu a cara de um cavalo que sua mãe guarda carinhosamente até hoje.
O artesão trabalha apenas com miniaturas de policiais. Ele usa o dom para enaltecer e abrilhantar a atividade desses homens. As réplicas são confeccionadas com o objetivo de prestar homenagens, tanto em término de cursos e promoções, quanto em casos de falecimento em serviço. Ele recebe encomendas das Polícias Militar, Civil e Federal, além do Corpo de Bombeiros, Forças Armadas e Força Nacional. Atualmente, existem peças suas nos Estados Unidos (SWAT), Japão e Argentina.
A primeira miniatura policial foi feita a partir de um desenho de um colega de serviço que ele mesmo produziu. Todos ficaram maravilhados, incluindo o comandante da unidade que encomendou várias miniaturas.
Ele foi aperfeiçoando a técnica e hoje, com a ajuda dos seus dois filhos mais velhos, consegue fazer uma média de 4 esculturas por dia. “São 15 dias para fazer o molde. Uma vez tendo feito a primeira peça, é feito um molde de silicone que posteriormente é preenchido com resina poliéster, originando novas peças iguais a primeira. O acabamento final é feito com pintura automotiva.” Relatou o escultor que também faz réplicas personalizadas na tonalidade exata da pele e colete com o nome do policial.
O cabo Reis garante que é gratificante trabalhar com as miniaturas policiais, pois aquilo que era um hobby para ele,  hoje faz parte da história de algumas corporações. Ele foi o autor da réplica do busto de Tiradentes que está atualmente no pátio do antigo CFAP (Buritinga) em Taguatinga.
Além disso, ele afirma que o trabalho manual é uma terapia, pois muitas vezes, chega em casa cansado depois de um dia estressante e acaba esquecendo tudo e aliviando a tensão com a atividade artesanal.
O policial trabalha atualmente em um Posto Comunitário de Segurança em Taguatinga. Já viveu experiências emocionantes na carreira policial, mas nunca imaginou que poderia vivê-las também por meio da sua arte.
Um dos momentos mais marcantes foi quando produziu uma réplica de um bombeiro. Ele levou o dia inteiro para esculpir esta peça. Era um bombeiro sujo de lama saindo de escombros com uma criança no colo, retratando um salvamento e foi feita para homenagear os bombeiros que trabalharam no resgate das pessoas que foram vítimas das enchentes em Santa Catarina. O cabo relata que se emocionou e chorou durante a fabricação da réplica.
“Outro fato marcante aconteceu com um dos funcionários dos Correios que era um grande admirador do meu trabalho. Todas as vezes que enviava miniaturas encomendadas pelos correios, o funcionário as fotografava. Um dia, levei uma réplica de um policial do BOPE e quando o rapaz pegou a sua câmera fotográfica para registrá-la eu falei que não precisava fotografar, pois essa era sua. O rapaz ficou feliz e me abraçou e eu acabei ganhando um amigo.” Conta o policial artesão.
Respeitado e admirado por todos, o diferencial do seu trabalho reside no fato de se preocupar mais com a arte do que com a técnica. O escultor se envolve sentimentalmente. Toda miniatura carrega uma dose intensa de emoção que é transmitida a quem recebe a peça.  Não são simples réplicas, são sentimentos moldados em resina poliéster que transmitem admiração e reconhecimento.
O cabo Reis afirmou que nunca irá aposentar as suas mãos, que envelhecerá fazendo o que gosta. “Sem as mãos, eu desenharia com os pés”. E olha que ele já fez isso. Ele já desenhou o rosto do piloto Ayrton Senna com os pés.
Quem tiver interesse em conhecer melhor o seu trabalho pode acessar o site www.reisina.com e admirar a obra espetacular deste exemplo vivo de talento e prova incontestável de perfeição de quem faz aquilo que gosta.



Fonte: http://www.pmdf.df.gov.br/?pag=noticia&txtCodigo=7699