O presidente da Câmara Legislativa, deputado distrital Joe Valle (PDT) estuda a pré-candidatura ao Senado Federal na coligação do pré-candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF), Jofran Frejat (PR). Caso a ideia vire fato, será um movimento de 180 graus na rota política do parlamentar, cujo nome também foi pré-lançado para o Palácio do Buriti. Aceitar ou não a mudança de trajetória será uma decisão colegiada do PDT e do grupo político de Valle.
“Realmente, a gente está conversando muito sobre essa possibilidade para o Senado, logicamente junto com o PDT. O partido está preparado para ter candidato à governo. Mas há um posicionamento da minha candidatura ao Senado também, sim, com Frejat”, afirma Valle. Desde dezembro de 2017, Valle e Frejat ponderam um projeto de gestão compartilhada para DF, inclusive com a participação do senador Cristovam Buarque (PPS).
“Sempre disse e continuo dizendo: política tem fila e estou na fila. Em segundo lugar, não faço questão de ser governador. Quero governar, participando de um governo”, argumenta. Segundo o parlamentar, para superar estes tempos de crise Brasília precisa de projeto que vá além das limitações de campos ideológicos. O PDT é um partido de centro-esquerda, progressista, enquanto o PR é uma sigla de centro-direita conservadora.
Neste contexto, as conversas com Frejat, não estão limitadas em questões eleitorais, como tempo de televisão e fundo partidário. “Para além de uma eleição, tem um governo. No modelo colaborativo, em que se possa construir um governo em rede. Isso inova o processo. Sem disputas intestinas, acirradas, não republicanas. Se conseguirmos despessoalizar e programatizar e na hora que as pessoas se engajam nisso e tenham a sensação de pertencimento, vamos adiante com a melhoria dos serviços públicos”, comenta.
Cristovam e Fraga
Atualmente, Cristovam caminha na Aliança Alternativa, composta por PSD, PSDB, PRB, PPS, PTB, PSC, PMN, PMB, DC, PPL e Patriotas. O parlamentar é pré-candidato à reeleição pelo grupo. Mesmo assim, Valle nutre a expectativa de uma reaproximação. “O senador Cristovam é sempre uma referência. Sempre será é uma figura maior. Foi ministro, governador de Estado. É um ícone da nossa politica e, em todos os momento, a gente trabalha para estar junto com ele”, resume.
Por outro lado, Frejat selou uma aliança com o presidente regional do DEM, deputado federal Alberto Fraga. O parlamentar avalia disputar as urnas para o Senado ou a reeleição. Fraga e Joe são antagonistas históricos na tabuleiro brasiliense. Para Valle, este entrave conceitual e ideológico pode ser superado. Mas depende da posição do candidato a governador e do entendimento dos partidos. Ou seja, não é uma questão da alçada de Joe.
Sobre a composição política heterogenia, Valle lembra que em 2010, o governo do DF foi conquistado por uma aliança entre PT e PMDB, hoje resumido à MDB. E este tipo de aliança tem se tornado cada vez mais rotineiro na política nacional. Todavia, o parlamentar reforça que a coligação com Frejat ainda não está selada e dependerá de futuras reuniões com os patamares locais e nacionais. A decisão não será pessoal, mas sim coletiva e partidária.
Palanque duplo
Um ponto crucial é a pré-candidatura de Ciro Gomes (PDT) para o Palácio do Planalto. E por isso o partido vai precisar de um palanque no DF. Mas o PR poderá apoiar outro nome para o Palácio do Planalto. Neste caso, em uma eventual coligação, Valle sugere a construção de um palanque duplo, como já ocorre em outros estados.
“Claro que o Executivo é o espaço em que as pessoas podem fazer a diferença. Mas a importância de um senador também é muito grande. Gostaria de acumular isso para eventual ida minha para um governo. Acumular experiência no sentido de poder ajudar mais a cidade. Existe fila na politica, estou nela. Logicamente, meu perfil é muito de Executivo. Mas dentro de um modelo colaborativo, posso ajudar muito qualquer pessoa que esteja no governo”, pondera Valle.
Fonte: Jornal de Brasília