Tenho acompanhado de perto os fatos ocorridos na cidade goiana de Luziânia. Uma cidade do entorno do DF, com uma alta taxa de homicídios e uma grande desigualdade social.
Nessa cidade o “desaparecimento” de alguns jovens começou a chamar a atenção da população e das autoridades. Uma sequência de crimes “mexeu” com o “imaginário coletivo” dos moradores. As “lendas urbanas” começaram a ganhar força. Extraterrestres, “carros pretos” com homens levando as criançinhas, “homem do saco” e várias outras, mas uma não citada ainda me chamou a atenção.
A desconfiança da população era tão grande que cada policial já se sentia incomodado com os olhares. Por quê? Veremos…
Dentro da Corporação existe uma frase em nosso Estatuto que afirma que nós cabos e soldados somos essencialmente “ELEMENTOS DE EXECUÇÃO”. Sempre fomos, em maior ou menor intensidade.
Mas o que executamos na verdade?
Para nós militares é simples. Executamos o que nos é mandado. Manda quem pode obedece quem tem juízo, é a frase mais ouvida nos quartéis.
Em Luziânia, para alguns também somos elementos de execução. Os crimes cometidos contra os jovens chamam a atenção pelo padrão de comportamento. Existia uma série de evidências que levavam a crer que era um “serial killer” ou um “grupo de extermínio”. Para eles o inimigo morava ao lado, só não se sabia se era bandido ou polícia.
Isso é para vermos o quanto a população desconfia da polícia, na verdade do Estado. Precisamos rever nossos conceitos sobre nós mesmos, creio que até eu por algum momento imaginei um “grupo de extermínio” ou algo assim. Alguns companheiros já comemoravam dizendo que “bandido bom é bandido morto”, insinuando que os meninos estavam envolvidos com o tráfico de drogas na região. Precisamos rever inclusive nossos termos habituais, nossa forma de falar, afinal não queremos sermos vistos como aqueles que executam, pois esses matam…
Para população, até quando seremos elementos de execução?
- PUBLICIDADE -