Sou um estudioso da liderança. Gosto de entender como surgem os líderes e o que os move. Leio Gandhi, Luther King, Madre Teresa, Carnegie, John Maxwell, dentre outros. No Brasil falta-nos reconhecer nossos líderes.
Nesse blog já postei um discurso de Luther King: “Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de sua crença.”
Não poderia faltar aqui um discurso de um líder brasileiro que muito admiro. Um dos discursos mais bonitos e inteligentes que já vi. Ele fala sobre o preconceito e a vitória de um homem. Ele dá uma aula sobre a vida.
“Se coloca no seu lugar metalúrgico porque esse mundo não é pra ser governado por aqueles que moram no andar de baixo, mas por aqueles que moram no andar de cima…” (Luiz Inácio Lula da Silva)
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O Operário Em Construção

Vinicius de Moraes
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
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De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia…
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
“Se coloca no seu lugar policial (soldado), pois esse mundo foi criado para ser comandado pelos políticos e poderosos…!!”
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
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Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
O que todo operário deveria saber?
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!