Há três anos nesse espaço tenho discutido a necessidade de mudança cultural por meio da educação e a desmilitarização cultural por meio do abandono de práticas que “deturpam” o militarismo e nos afastam do Estado Democrático de Direito. Aqui defendo um tipo de “educacionismo”. É o filho do praça podendo estudar na escola do filho do oficial, e se avançarmos no debate, é o próprio praça (me recuso a escrever “A” praça) podendo estudar na mesma escola do oficial, se possível, com ele. É o nivelamento do conhecimento dentro da instituição. É o fortalecimento do nosso capital intelectual. O que sem dúvida irá fortalecer nosso poder simbólico dentro da sociedade, por meio de nosso capital político e social. Mas creio que eu esteja falando grego em uma terra de “portugueses”.
Mesmo sendo repetitivo, não desistirei. Às vezes, não posso negar: a idéia de desistir passa por minha mente, mas alguém que decidiu ser uma “boa influência” dentro da Corporação, deve fazer o que é preciso, não somente aquilo que os outros desejam, para construirmos uma nova polícia.
O discurso salarial pregado por outros é importante, que eles cumpram esse papel. O que prego aqui é duradouro. O que eles pregam é passageiro. Ninguém pode nos roubar o conhecimento. Ninguém pode nos tirar a liberdade de pensar. Lembrando e parafraseando Napoleon Hill: QUEM PENSA ENRIQUECE!
Mas dá trabalho pensar, demora planejar, é difícil executar  o planejamento. É chato analisar feedbacks. É mais fácil deixar os outros fazerem o que deveríamos fazer. É mais fácil xingar, gritar, subir em cima de um trio elétrico, conduzir uma massa de manobra do que uma massa pensante!

Não tenho dúvida. O dinheiro proporciona a saída de um meio para “outro”. O aumento salarial é um dos pontos da mudança cultural, não é o único. Como posso pagar a um pedreiro mais que a um engenheiro? É possível? Creio que somente se o pedreiro for o dono da empresa, ele ganhará mais que o engenheiro, no nosso caso isso não é possível, ou seja, ser dono da empresa.
Se eu tenho dois pedreiros, um desqualificado e outro altamente qualificado, qual dos dois contrataria para construir sua casa? A qual pagaria mais? Mudança cultural é isso!!
Infelizmente ainda somos “pedreiros” desqualificados, e não estou falando de graduações universitárias, estou falando de prestação de serviço policial.
Finalizarei o texto de hoje com uma história interessante para interpretar o que eu disse:
” Um dia um homem estava vendo dois construtores trabalhando em um prédio. Ele percebeu que um deles ficava reclamando o tempo todo do trabalho. Quando perguntaram em que consistia o serviço, ele respondeu: “Empilhar pedras o dia inteiro, até ficar com as costas quebradas.” O outro assobiava enquanto trabalhava. Seus movimentos eram precisos, e seu rosto brilhava de satisfação. Quando perguntaram em que consistia seu serviço, respondeu: “Senhor, eu não estou fazendo apenas uma parede. Estou ajudando a construir uma catedral.”

O que você está fazendo?
Precisamos ter uma visão macro do cenário. Precisamos ter uma visão de futuro ampliada. Precisamos pensar a longo prazo. Pelo menos nós, que ainda temos tempo a cumprir aqui. Que polícia nós temos? Que polícia nós queremos?
O que está fazendo? Passeando de viatura, andando para um lado e para o outro a pé? Ou está melhorando a segurança pública de sua cidade, protegendo seus amigos, vizinhos e até mesmo os desconhecidos? Estamos empilhando pedras para não sairmos da fila do BRB ou estamos construindo catedrais? Fingindo que trabalha, pois fingem que te pagam?
Que preço estamos dispostos a pagar pela mudança cultural? Que preço estamos dispostos a pagar pela instituição que queremos? Estamos dispostos a mudar?
Obs: Sobre o título é o que realmente leram: A polícia militar “é” o discurso salarial…