O sofrimento é algo presente na vida do ser humano. Com o passar do tempo perder entes queridos e amigos também torna-se uma constância, até porque a única certeza que temos desde que chegamos é a de que um dia retornaremos. Em certos momentos devemos escolher entre sermos pessoas amarguradas por causa da dor, ou pessoas libertas, felizes, plenas, que aprendem com o sofrimento e as experiências negativas da vida. Gosto do exemplo da ostra que se alimenta filtrando da água os nutrientes necessários para sua sobrevivência, mas que em determinado momento uma pequena sujeira provoca uma pequena ferida, tal ferida libera um líquido, que gosto de chamar de lágrimas, essas lágrimas passam a revestir a sujeira, e ao revistá-la começa a endurecer, provocando mais dor e mais líquido, que por sua vez aumenta de tamanho, provocando mais dor e mais líquido, até chegar em um momento em que não há mais dor e nem mais líquido, mas ao invés de sujeira uma linda pérola. Que é encontrada por pescadores experientes e tornam-se presentes raros e preciosos para outras pessoas. Meus textos são resultado de muitas lágrimas, de muita dor, mas podem tornar-se pérolas, grande presentes para pescadores experientes.
Quem foi Gabriel Brilhante?
Apaixonado por azul, também gostava do vermelho, corinthiano de coração, aprendeu a torcer com o pai, era apaixonado pela Fabi e vidrado na Jaqueline da seleção brasileira de vôlei feminino, Gabriel era uma “criança” com alma de adulto. Um garoto sábio que estava sempre pronto a ajudar conhecidos e desconhecidos, um grande amigo, um grande companheiro.
Adorava música, todas aquelas que conseguisse cantar com os amigos, mas uma delas era especial, gostava da Adele, sua música preferida era Rolling in the Deep e sempre cantava The Lazy Song, também tocava violão, suas comidas preferidas eram strogonoff, pizza, lasanha e sushi.
Era um garoto cheio de sonhos, cheio de vida, não dava para ficar triste ou pelo menos sério do lado dele. Transpirava alegria, uma alegria que contagiava todo mundo.
Sempre nos ensinou a não desistir do que se quer, a lutar para realizar nossos sonhos, a aproveitar cada momento como se fosse o último, que saudade não será motivo suficiente para trazer alguém de volta, que mesmo sem dizer “tchau” um dia as pessoas se vão, que mesmo nos momentos difíceis é preciso ter fé, que a vezes momentos ruins devem acontecer para os bons valer a pena e principalmente, nos ensinou a acreditar em seu potencial.
Sempre chegava com um abraço, as vezes um beijo, acompanhados de um “oi” e um gesto de carinho. Ele se preocupava muito com quem estava a sua volta, não gostava de ver ninguém chorando. Era louco por balinha de maracujá, seu livro preferido era “Transformando suor em ouro”, do técnico Bernadinho, vivia lendo e relendo para os amigos as partes que mais gostava. A palavra obrigado era sempre presente em sua boca. O carinho e o respeito pelos animais era a sua marca.
Era apaixonado por Ciências, em especial pela Física e pela Química, adorava as estrelas, um dia sonhou em ser astronauta, fazia experimentações em casa e quando chegava na escola ia logo procurar a Prof. Danielle em busca de explicações para os fenômenos observados e resultados obtidos. Adiantava as atividades em casa, para que ela pudesse apresentar à ele, novos conhecimentos, que na 5ª série, à época, não seria possível adquirir em sala de aula.
Ele tinha em casa um livro de Ciências Naturais da 8ª série que ela lhe emprestou durante o ano letivo para que ele pudesse percorrer os caminhos do conhecimento junto com ela. Era alguém a frente de seu tempo e não tinha tempo a perder! Deixou-nos no dia 05 de dezembro de 2011, em uma manhã de segunda-feira. Partiu em um leito de uma UTI, lutou até o fim.