No dia 11 de janeiro de 2005, o então tenente-coronel Eduardo Pazuello obrigou um soldado negro a puxar uma carroça no lugar do cavalo como forma de castigo por indisciplina.
Segundo reportagem do Estadão, Pazuello comandava o quartel do Depósito Central de Munições do Exército, em Paracambi (Rio de Janeiro), “quando viu dois soldados passarem em uma carroça”.
“Julgou que estavam velozes demais, que maltratavam o equino, e quis lhes dar uma lição. Mandou parar, desatrelar o animal, e determinou que o recruta Carlos Vítor de Souza Chagas, um jovem negro e evangélico de 19 anos, substituísse o cavalo. O soldado teve de puxar a carroça com o outro soldado em cima, enquanto o quartel assistia à cena, às gargalhadas.”
Ao ser questionado por que Pazuello fez isso, o ex-soldado disse ao Estadão acreditar em racismo. Na época, a defesa usou depoimentos de outros militares para atestar que o ex-ministro não quis impor maus-tratos ao soldado.
“PELO MEU TIO EU BOTAVA PARA FRENTE (NA JUSTIÇA), MAS EU DEI MAIS OUVIDO AO MEU PAI, QUE É EVANGÉLICO, POR MEDO DE REPRESÁLIA. ISSO AÍ AGORA ESTÁ NAS MÃOS DE DEUS, ELE É O SENHOR DE TODAS AS COISAS.”
Chagas fora escolhido por um tenente para ajudar um colega a carregar uma banheira na carroça.
“Ele não tinha como pegar sozinho.”
Foi quando Pazuello apareceu e o escolheu para o castigo.
“Eu não estava pilotando o cavalo, estava na carroça. Quem estava era o outro garoto.”