Como achei estranho não constar a morte do colega na página da PM (Notas de Falecimento) e seu obituário, resolvi postar no Blog.
Meus sentimentos aos familiares e companheiros de farda!
Abaixo um desabafo, de um amigo do companheiro morto, retirado da comunidade da PM no orkut…
Correio Braziliense – 04SET10 – Cidades VIOLÊNCIA –
Policial do DF é morto em Alexânia Um policial militar do Distrito Federal foi assassinado no município goiano de Alexânia, cidade do Entorno que fica a 66 km de Brasília. O crime ocorreu na noite da última quinta-feira. Carlos Henrique de Souza, 30 anos, dirigia seu carro, um Corolla prata (placa JGJ8620,) quando um motoqueiro emparelhou o veículo com o carro do policial. Um homem que estava na garupa da moto sacou uma arma e efetuou três disparos contra o PM. Um dos tiros acertou a porta do carro, mas os outros dois atingiram a cabeça de Carlos Henrique. A dupla fugiu. O carro ainda seguiu por cerca de 200m antes de parar. O motorista morreu na hora. Carlos Henrique era soldado da PM e não estava armado ou a serviço quando morreu. No momento do crime, o policial estava acompanhado de uma amiga, que ficou em estado de choque. A vítima passava pela Rua 91, a duas quadras de casa, quando foi abordada pela dupla. Segundo o delegado titular da Delegacia de Polícia de Alexânia, Carlos Antônio da Silveira, assassinatos executados por motoqueiros são comuns na cidade. A mulher que acompanhava Carlos Henrique ainda não foi ouvida pelos policiais. De acordo com Silveira, o PM dirigia em baixa velocidade quando foi abordado. Em agosto, foi registrado outro homicídio semelhante na cidade. Segundo o delegado, no entanto, não é possível relacionar os dois crimes. “Vamos investigar a vida do policial para saber com quem ele estava se relacionando ou se tinha alguma inimizade. O carro foi apreendido e será periciado. O que podemos dizer do crime, por enquanto, é que os criminosos já vinham monitorando a vítima desde o último lugar em que ela esteve antes da morte”, contou. Alexânia tem sofrido com o alto índice de assassinatos. De janeiro a julho deste ano, a delegacia abriu mais de 20 inquéritos para investigar homicídios dolosos (com intenção de matar) e tentativas de homicídio. Maio foi o mês que registrou mais ocorrências, com cinco mortes, mais de uma por semana. “Alexânia é um lugar complicado, cortado por uma rodovia nacional, e fica entre Goiânia e Brasília. É um lugar de onde é fácil fugir. Temos um alto índice de criminalidade, embora sejamos uma cidade pequena”, explicou Silveira. Sem inimigos Carlos Henrique foi enterrado no cemitério da cidade às 17h de ontem. Os familiares do policial estão revoltados com o crime. O padrasto da vítima, o funcionário público Inaciano Luiz dos Santos, 42 anos, garantiu que o enteado era um homem tranquilo e sossegado. “Sabemos muito pouco do que aconteceu. A mesma viatura que foi à cena do crime veio nos avisar da morte dele. Ele fazia faculdade de turismo na Católica de Brasília, namorava uma menina de Goiânia e era uma pessoa atenciosa, que, se não pudesse ajudar, não atrapalhava”, disse. Maria Cleonice de Souza, tia do jovem, contou que Carlos Henrique dormiu na casa dela no último domingo. Ela afirma não ter notado nada de diferente no comportamento do sobrinho. “Ele foi trabalhar e não esboçou nenhum tipo de preocupação. Estava bem”, lembrou. O irmão, o recepcionista de hotel Alessandro Lima, 23 – que registrou o assassinato de Carlos Henrique -, reforçou as palavras do padrastro. “Estamos muito tristes. Ele não tinha inimizades e era uma pessoa calma. É difícil pensar que ele tivesse algum tipo de rixa com alguém. Não temos nenhuma informação do que ocorreu”, afirmou, emocionado. A irmã da vítima, a estudante Fabiana Lima dos Santos, 17 anos, se lembra de Carlos Henrique como muito apegado à família e torcedor inveterado do Vasco da Gama. “Ele sempre gostou muito de esportes. Jogava futebol e vôlei e não perdia um jogo do Vasco. Quando eles vinham jogar em Goiás, ele sempre assistia”, disse. Os parentes do policial disseram não conhecer a mulher que acompanhava Carlos. Moradores da Rua 91 ficaram assustados com o crime. O carro de Carlos Henrique parou exatamente do lado da casa da professora Celina Pereira, 38 anos. Ela contou ao Correio que chegou do trabalho minutos após o assassinato. “Eu dou aula à noite e o meu marido foi me buscar. Quando chegamos, o corpo estava no local. Fiquei muito assustada. Aqui é uma área violenta”, afirmou. Um comerciante que não quis se identificar lembrou que ouviu os disparos. “Ouvi os três tiros e muita gente saiu para ver o que estava acontecendo”, falou.
Jornal de Brasília – 04SET10 – Cidades
Policial é assassinado em Alexânia Um policial militar do Distrito Federal foi morto a tiros em Alexânia, cidade onde morava, nesta quinta-feira (2), às 22h. Carlos Henrique de Souza, 30 anos, estava em seu carro com uma mulher, supostamente sua namorada, quando foram abordados por dois homens em uma moto que atiraram contra o policial. Pela investigação, Carlos foi passar em um quebra-mola quando foi surpreendido pelos homens que atiraram três vezes. O primeiro tiro acertou o carro, e Carlos pediu para a moça que o acompanhava abaixar, imediatamente os homens atiraram mais duas vezes acertanto a cabeça do rapaz, que morreu na hora. Segundo a Delegacia que investiga o caso, Carlos havia discutido com um homem alguns dias atrás porque ele estava com ciúmes de sua companheira. A família dele ainda não apareceu, mas as investigações estão sendo feitas.
Depoimento de um amigo do policial morto:
“Não consigo expressar a tristeza que eu to sentindo com o descaso e o desprezo com que a Polícia Militar do Distrito Federal vem tratando o caso do policial Carlos Henrique. Ontem a noite simplesmente eu tive que implorar para que acreditassem em mim quando eu em frente ao carro dele vendo o companheiro abatido sendo periciado estava ligando pro ciade e o povo desacreditando, falando que era conversa, e eu dizendo “cara eu to em frente ao carro dele vendo o perito enfiar dedo na cabeça dele agora”, e quem me atendia “cagando” pra mim. A polícia tinha que dar uma resposta imediata, mandar várias viaturas pros bandidos verem que mexeram em uma caixa de marimbondo, mas não… Até agora ninguém nem veio aqui, nem pra saber se a família está precisando de alguma coisa. Fui no batalhão e fui informado que a ninguém da PMDF nem ligou pra pelo menos pedir alguma informação. Enquanto isso, nosso amigo segue sendo velado numa garagem de uma casa humilde que mais parece uma tapera, com as poucas pessoas presentes, naquela pobreza, que eu acho que nem água tem pra beber. Uma pessoa tão boa e um profissional exemplar não merecia tamanho descaso e desprezo. Ele tá lá naquele caixão que parece de isopor com um terno barato de funerária rodeado por meia dúzia de pessoas humildes, pobres mesmo, e por esse motivo eu conta agora sua história.
O “Pezão” como era conhecido foi criança pobre, criada numa casa de roça pelo tio pois sua mãe não tinha condições de alimentar os filhos. Desde cedo foi humilhado, criado como serviçal, e diversas vezes os amiguinhos de escola faziam vaquinha para que ele se alimentasse de vez em quando, apesa de todas as dificuldades Pezão cresceu virou jogador de vôlei e em vez de se revoltar estudou, passou fome e venceu! Virou um homem da lei, passou num concurso concorrido e estava tendo suas coisas, ajudando a família, mas o defeito dele é que era soldado, e como soldado vai ser enterrado, desprezado por uma instituição onde poucos tem valor, no seu enterro não terá nenhum espadim nem uma salva de tiros, mas eu vou estar lá pra derramar minhas lágrimas de tristeza e prestar a minha última homenagem a um gerreiro de honra! Eu sei que amanhã poderei ser eu, e como sempre será apenas mais um número, e ficará por isso mesmo….”
As palavras grifadas dariam uma boa análise sociológica e psicológica, mas deixarei cada um construir sua própria verdade!!