No Distrito Federal, cerca de 60 mil adolescentes – com idade entre 12 e 17 anos – tomaram somente a primeira dose da vacina contra a covid-19. Segundo a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, esse dado é preocupante. “Esse calendário vacinal não está completo. Isso significa dizer que eles não estão imunoprevenidos e que podem ser suscetíveis a adquirir o vírus”, explica. “Quando se tem vírus circulando e uma população com uma baixa cobertura, permitimos que haja mutação e o surgimento de novas cepas, de novas variantes”, complementa.

Até segunda-feira (7), 86,2% da população acima dos 3 anos de idade já havia recebido a primeira dose. A cobertura também está acima de 80% para a segunda dose: 82,5%. Porém, só 54,4% dos adolescentes voltaram para receber o primeiro reforço. E a segunda dose de reforço foi aplicada em 37,5% desse público-alvo.

O foco da Secretaria de Saúde é levar os imunizantes para quem ainda não tomou nem a primeira dose e completar o ciclo vacinal de quem está atrasado. Para isso, são mais de 90 unidades básicas de saúde (UBS) com salas de vacina abastecidas com imunizantes contra a covid-19, além de ações extramuros, como o Carro da Vacina e a campanha montada nesse domingo (6) no Eixão Sul.

Mais atividades fora das unidades de saúde estão ocorrendo, com foco nas escolas. “Vamos conseguir diminuir a circulação porque nós vamos ter a população prevenida, protegida, imunizada”, defende Lucilene Florêncio.

“O GDF tem todo o interesse em baixar a faixa etária para vacinar. A questão, não só no DF, mas em todo o Brasil, é que a Política Nacional de Imunização é do Ministério da Saúde, que se baseia na Cetai”
Divino Valero, subsecretário de Vigilância à Saúde

Ampliação da campanha

Hoje, conforme as orientações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (Cetai), a primeira dose de reforço é indicada para quem tem mais de 12 anos, enquanto o segundo reforço é restrito para os de 40 anos ou mais.

No DF, a Secretaria de Saúde até chegou a reduzir, temporariamente, a faixa etária do segundo reforço para 35 anos, mas recuou porque depende do envio de doses pelo Ministério da Saúde. “Quando o ministério faz a recomendação que tecnicamente não seria viável para um público-alvo, ele automaticamente não manda essas doses”, explica o subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Divino Valero.

A Secretaria de Saúde também aguarda orientações federais a respeito da vacinação de crianças de 3 e 4 anos. “O GDF tem todo o interesse em baixar a faixa etária para vacinar. A questão, não só no DF, mas em todo o Brasil, é que a Política Nacional de Imunização é do Ministério da Saúde, que se baseia na Cetai”, esclarece o subsecretário.

Apenas 54,4% dos adolescentes voltaram para receber o primeiro reforço. E a segunda dose de reforço foi aplicada em 37,5% desse público-alvo | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Atualmente, há cerca de 40 mil doses disponíveis, entre os estoques das unidades de saúde e da Rede de Frio Central. Novas remessas já foram solicitadas. “Tão logo essas doses cheguem ao DF, nós temos toda uma infraestrutura de logística para atender a população”, completa Divino Valero.

Segurança

O subsecretário lembra ainda que as notas técnicas da Cetai consideram vários aspectos, como o cenário epidemiológico e a segurança para a população. “É um conselho multidisciplinar e multi-institucional, onde também estão a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Infectologia, técnicos do Ministério da Saúde e da Fiocruz, que determina um estudo científico, de evidência científica, de segurança da vacina”, ressalta.

A Câmara Técnica, criada em agosto de 2021 pela Portaria GM/MS Nº 1.841, também conta com representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde.

Testagem

Nesta quarta-feira (9), o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde mostrou que a taxa de transmissão, o chamado índice RT, está em 1,29. Isso significa que 100 pessoas com covid-19 contaminam outras 129. O número de novos casos ainda é pequeno: foram 223 registros entre os dias 8 e 9, porém os números indicam uma aceleração da doença.

De acordo com a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, a primeira medida a ser tomada para enfrentar esse aumento no número de casos é ressaltar a importância da testagem. O DF conta com 280 mil testes no estoque e as UBSs, unidades de pronto atendimento (UPA) e hospitais estão com equipes preparadas para testar pacientes sintomáticos. “A população que está com sintoma gripal deve procurar nossas unidades básicas de saúde para fazer o teste, e assim nós vamos ter a população protegida”, indica.

A secretária de saúde destaca ainda a importância da testagem para a detecção de novas variantes do coronavírus no Distrito Federal. “Quanto mais pessoas nós testamos, nós podemos fazer o sequenciamento genômico, sendo possível o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) verificar se há a nova variante circulando”, detalha.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF