STF volta a julgar prisão em 2ª instância. Cármen Lúcia vota

Plenário decide se réus podem ser presos imediatamente após serem condenados em 2º grau. Placar está em 4 x 3 pela permissão

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar, nesta quinta-feira (07/11/2019), a possibilidade de revisão dos casos de réus que foram presos após condenação em 2ª instância. Sete ministros já se manifestaram até agora, deixando o placar em 4 x 3 em favor da atual jurisprudência, que permite a execução imediata de pena. A expectativa está voltada para o voto do presidente da Corte, Dias Toffoli, que será o último a se manifestar e ainda não deu sinais claros de como votará.

Até agora, foram a favor de manter a execução de pena após a condenação em 2º grau os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto Barroso e Luiz Fux. Em contraponto, o ministro relator, Marco Aurélio, defende que os réus permaneçam livres até que tenham todos os recursos esgotados em todas as instâncias, posição seguida pelos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Veja os votos aqui.

Apesar do resultado formado na última sessão sobre o tema, há expectativa de que “o jogo vire”. Em uma análise de posições tomadas anteriormente, é possível estimar um empate no julgamento, que será definido com o voto de minerva de Toffoli.

Caso o presidente da Corte acompanhe o relator, que votou para que o começo do cumprimento de penas só possa ocorrer após o trânsito em julgado da sentença (sem mais possibilidade de recursos), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros 4,9 mil presos — como estima o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — poderão ser beneficiados.

Entenda

Na prática, a Suprema Corte julga três ações que questionam a possibilidade — admitida em análises anteriores — de que um réu pode ser preso logo após ser sentenciado em 2ª instância. O argumento central dos recursos é de que o Código de Processo Penal estabelece que as prisões só podem ser executadas após o trânsito em julgado, sem recursos restantes.

Além disso, há a premissa de que a presunção da inocência é um direito constitucional que garante ao cidadão dispor de todos os recursos possíveis para se defender, incluindo os cabíveis aos tribunais superiores.

Desde 2016, o entendimento da maioria da Corte é de que a pena pode começar a ser executada após decisão por tribunal de segunda instância. A orientação agora poderá ser diferente, pois alguns ministros mudaram de opinião sobre o assunto.

Em 2009, o STF definiu que apenas os casos transitados em julgado, ou seja, com todos os recursos esgotados, determinariam impreterivelmente a prisão — obedecendo literalmente ao que está escrito na Constituição, sem qualquer interpretação, mas a reviravolta de 2016 prevalece até hoje.

Lula será solto?

As dúvidas sobre o desfecho do ex-presidente, caso a Corte decida derrubar as sentenças de prisão após condenação em 2º grau, são inúmeras. Há quem pense que o ex-presidente Lula será solto instantaneamente e a decisão terá efeito cascata. No entanto, não é bem assim.

Mesmo que o STF decida anular as condenações e a iniciativa beneficie o ex-presidente, a defesa ainda terá que apresentar um recurso — que será analisado pela Justiça. Só assim o petista poderá deixar a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde está detido desde 7 de abril de 2018.

Os ministros podem, ainda, elaborar uma decisão permitindo a prisão após condenação em terceira instância. Nesse caso, Lula não seria colocado em liberdade, porque o caso do triplex do Guarujá (SP) — no qual foi condenado — já foi analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Informações do Portal Metrópoles